A emergência de ferramentas tecnológicas para controlo da Covid-19: uma reinvenção de panóticos imperfeitos

Abstract

Neste texto pretende-se problematizar a vigilância epidemiológica digital motivada pela pandemia de COVID-19. A preocupação com a vigilância e a privacidade não é de agora, mas no atual contexto pandémico o papel do Estado na vigilância eletrónica, somado àquele que há muito é desempenhado pelas Big Tech que dominam o mercado, faz reequacionar essas preocupações. Em que medida poderemos, ou não, considerar que as medidas adotadas para controlo do contágio pelo novo coronavírus se inscrevem naquilo que foram as “sociedades disciplinares”, tal como Foucault as conceptualizou? Pretendendo contribuir para a resposta a esta questão, a abordagem de cariz empírico que apresentamos, efetuada a partir da recolha de informação veiculada em vários media de diferentes países e da sua sistematização, visa caraterizar o panorama da utilização governamental das ferramentas tecnológicas para controlo da pandemia de COVID-19, bem como as limitações que muitas aplicações vieram a revelar.