De Egas Moniz à engenharia genética: Um questionamento bioético

Abstract

A condição experimental da ciência moderna prolonga-se naturalmente numa capacidade técnica que possibilitou um gigantesco acréscimo de poder sobre os fenómenos naturais mas também sobre o indivíduo humano. O facto de este ser hoje tecno-cientificamente manipulável como sujeito e como objecto é causa da ruína da articulação iluminista das racionalidades científica e ético-política, qual propiciava uma avaliação instrumentalista da técnica, no quadro de um humanismo comum à filosofia e às ciências humanas e que se reflecte ainda nos procedimentos das ciências bio-médicas. A legitimidade de um projecto eugénico, tipificado pela psico-cirurgia de Egas Moniz e repetível na engenharia genérica, só pode ser objecto de questionamento bio-ético a partir de um novo imperativo categórico que reformule o humanismo.