Difusão internacional de tecnologia e perspectivas de convergência: onde se encontra a economia portuguesa?

Abstract

Neste trabalho faz-se uma revisão de alguns contributos mais significativos no domínio dos estudos sobre convergência económica. O facto de grande parte da literatura neste domínio não ser proveniente da corrente dominante da teoria económica, tem a ver com o impasse parcial a que chegaram as tentativas de "contabilização do crescimento" que se seguiram ao trabalho de Solow. Já na década de 80, em oposição à hipótese do ciclo-de-vida de Vernon que previa a deslocação progressiva de actividades industriais para a "periferia", foi argumentado que a difusão de novas tecnologias e mudanças nos padrões de procura contribuiriam para a fixação das indústrias no "centro". Simultaneamente, surgiu o argumento das "janelas de oportunidade", sugerindo exactamente o oposto. Contudo, a literatura que concebe o desenvolvimento tecnológico como um longo processo cumulativo e sequencial, sem possibilidade de saltos tecnológicos rápidos, parece vir recebendo confirmação pelos factos mais recentes. A ausência de políticas que se tenham concentrado consistentemente nos aspectos cognitivos envolvidos nesse tipo de processos, permite inferir acerca das grandes dificuldades que se colocam a Portugal na tentativa de "convergência real" relativamente aos seus parceiros da UE.

In this paper several streams of literature bearing important messages for the understanding of catching up are surveyed. The fact that most conceptual contributions on this subject stem from outside mainstream economics derives of the partial deadend reached by "growth accounting" attempts following the seminal work of Solow. More recently, in oposition to Vernon’s life-cycle hypothesis that predicted the delocalisation of mature industries to the "periphery", new views emerged arguing that changes in demand patterns and the diffusion of new technologies could bring back those industries to the "centre". A different view was that the change in "technological paradigm" opened up unprecedent opportunities for countries in intermediate stages of development, that could now "leap-frog" into a "window of opportunity". However, the literature that has conceived technological development as a long, sequential, path-dependent process, in which previous experience in critical domains is a pre-requisite if firs (and countries) are to move into technologies of far greater complexity, has been validated by recent facts. The analysis of the empirical literature allows us also to draw the conclusion that the cognitive aspects involved in the adoption and use of new technology are central to the prospects of catching up. The absence of policies focusing primarily on those aspects in Portugal seems to indicate that any possibilities of a rapid "real convergence" towards UE averages have been jeopardised.

Ce travail fait une révision de certains des apports les plus significatifs dans le domaine des études sur la convergence économique. Le fait qu’une grande partie de la littérature dans ce domaine ne soit pas issue du courant dominant de la théorie économique, est en rapport avec l’impasse partielle à laquelle sont parvenues les tentatives de "comptabilisation de la croissance" qui ont fait suite au travail de Solow. Dès les années 80, par opposition à l’hypothèse du cycle-de-vie de Vernon qui prévoyait le déplacement progressif d’activités industrielles vers la "périphérie", il a été argumenté que la diffusion de nouvelles technologies et le changement dans les modèles de recherche contribueraient à la fixation des industries dans le "centre". Simultanément a surgi l’argument des "créneaux d’opportunité", suggérant précisément le contraire. Cependant, la littérature qui conçoit le développement technologique comme un long processus cumulatif et séquentiel, sans la possibilité de sauts technologiques rapides, semble trouver confirmation dans des faits plus récents. L’absence de politiques qui se soient concentrées de manière consistante sur les aspects cognitifs mis en jeu dans ce type de processus, permet d’inférer à propos des grandes difficultés que connait le Portugal dans sa tentative de "convergence réelle" par rapport à ses partenaires de l’UE.

En este trabajo se hace una revisión de algunas contribuciones significativas en el dominio de los estudios sobre la convergencia económica. El hecho de que gran parte de la literatura en este dominio no deriva de la corriente dominante de la teoría económica, tiene que ver con el impasse parcial al que llegaron las tentativas de "contabilización del crecimiento" que se siguieron al trabajo de Solow. Ya en la década de los 80, en oposición a la hipótesis del ciclo-de-vida de Vernon que previa a la dislocación progresiva de actividades industriales para la "periferia", fue argumentado que la difusión de nuevas tecnologías y cambios en los patrones de búsqueda contribuyeron para la fijación de las industrias en el "centro". Simultáneamente, surgió el argumento de las "ventanas de oportunidad", sugiriendo exactamente lo contrario. Además, la literatura que concibe el desarrollo tecnológico como un largo proceso acumulativo y secuencial, sin posibilidad de saltos tecnológicos rápidos, parece recibir confirmación de los hechos más recientes. La ausencia de políticas que se hayan concentrado consistentemente en los aspectos cognitivos envueltos en este tipo de procesos, permite inferir acerca de las grandes dificultades que se colocan a Portugal en la tentativa de "convergencia real" relativamente a sus semejantes de la UE.