O programa arquitectónico no projecto de arquitectura: referências ao contexto português, a partir de seis obras de três autores - Fernando Távora, Álvaro Siza e Eduardo Souto de Moura

Abstract

O tema da dissertação centra-se na investigação da relação entre o programa arquitectónico e o projecto de arquitectura. Os temas estudados – O programa arquitectónico no projecto de arquitectura – inscrevem-se no universo do exercício do projecto, no contexto do ensino e da prática profissional. Sendo o programa de um edifício uma questão central e das mais antigas na prática da arquitectura, não se pretende elaborar uma abordagem que se limite a uma leitura causa efeito entre os requisitos funcionais e a forma de um edifício. As questões de carácter funcional de um edifício não são entendidas como factor gerador do projecto, mas antes como um dos dados que informa o programa. Considera-se que a elaboração de um projecto de arquitectura se inicia a partir de um programa, documento que antecede o acto de projectar. O estudo incide sobre a transformação do programa no desenvolvimento do projecto de arquitectura. O resultado do processo de transformação do programa concretiza-se em matéria projectual que se denomina por programa arquitectónico. Mais do que um entendimento simplista em que a uma determinada função corresponde uma forma pré determinada, importa averiguar o sentido de todo um quadro programático (factores de ordem cultural, técnico, social, económico, etc.) que se envolve na materialização formal do programa e na resolução de um projecto de arquitectura. O desenvolvimento do trabalho centra-se na leitura da construção do programa arquitectónico em seis obras de três autores portugueses. As obras seleccionadas surgem enquadradas no seu contexto cultural, temporal e geográfico. No desenvolvimento da acção de projecto considera-se determinante o desempenho do arquitecto, enquanto autor que constrói uma síntese que se materializa na estratégia do projecto e na obra arquitectónica. Autor que, não sendo uma figura indiferenciada ou neutra, se apresenta como protagonista de um percurso no universo da arquitectura capaz de interpretar as questões específicas colocadas pelo projecto, bem como as suas referências culturais.