Orientação religiosa e sua relação com atitudes altruístas e perdão: o papel mediador das emoções auto-conscientes

Abstract

O presente estudo teve como principal objetivo analisar o papel da religião e da orientação religiosa nas atitudes altruístas e no perdão, bem como a importância das emoções auto-conscientes nessa relação. O trabalho foi desenvolvido através de um inquérito online que contou com a colaboração de 162 participantes. Em função das respostas recolhidas sobre o posicionamento religioso dos participantes, foram constituídos três grupos: ateus/agnósticos (grupo de não religiosos), religiosos praticantes e religiosos não praticantes. Nas análises foi ainda tido em consideração o género dos participantes. No grupo de religiosos, verificámos que os praticantes reportaram maior religiosidade intrínseca e ortodoxa e os não praticantes maior religiosidade extrínseca, independentemente do sexo dos participantes. Não foram encontradas diferenças estatisticamente significativas decorrentes do posicionamento religioso nas emoções auto-conscientes de culpa e vergonha, mas verificou-se que os religiosos praticantes relatam maior altruísmo afetivo e cognitivo por comparação com os outros dois grupos. Verificámos ainda que a culpa exerce um efeito de mediação parcial na relação entre a orientação religiosa intrínseca e o perdão e na relação entre a orientação religiosa ortodoxa e o altruísmo afetivo. Os resultados foram analisados tendo em conta a investigação na área da psicologia da religião, sendo propostas novas direções de pesquisa futura neste domínio.

The main goal of the present study is to analyze the role of religion and religious orientation on altruistic attitudes and forgiveness and the relevance of self-conscious emotions in this relation. The study was developed through an online survey, and162 participants completed the survey. Participants were divided in three groups: atheists/agnostics (non-religious group), religious practitioners and non-practitioners. The analysis also took into account, the gender of participants. In the religious groups it was found that practitioners reported greater intrinsic and orthodox religion orientation and non-practitioners greater extrinsic religiosity, regardless of gender. No statistical significant differences were found between religious and non-religious regarding the self-conscious emotions of guilt and shame, however, religious practitioners reported higher cognitive and affective altruistic attitudes and forgiveness compared to those the other two groups. In addition, guilt partially mediated the relationship between intrinsic religious orientation and forgiveness and the relationship between orthodox religious orientation and affective altruism. The results were analyzed taking into account research in the psychology of religion, and suggested new directions for future research in this area.