O eu online, etnografia reflexiva sobre práticas dos portugueses no facebook

Abstract

A proposta deste trabalho é conhecer que práticas têm os portugueses no Facebook, como lidam com as tecnologias e como se apresentam através delas aos outros. Procurou-se descortinar uma correspondência entre as suas condutas online e offline, através de uma pesquisa etnográfica, observando-se tipos de actividades desenvolvidas. Foram identificados vários desempenhos online, nomeadamente a dedicação a formas de activismo, e se alguns dos utilizadores transportaram para a plataforma causas que já defendiam offline, outros iniciaram já na plataforma as suas formas de activismo. Apesar de não ser correcto afirmar que o desempenho online é totalmente diferente do desempenho offline, uma vez que há uma ligação estreita nas práticas sociais, reconhece-se que através do Facebook o utilizador tem a capacidade de modificar e/ou controlar os efeitos das suas acções. Esta capacidade, a amplitude que a tecnologia confere ao indivíduo, é conseguida através de uma transparência que deve garantir o estabelecimento do conceito de doação presente no ritual de Potlatch, ao nível da troca online, mas colide com as necessidades de privacidade dos utilizadores. Porém, relativamente a graus de privacidade e segurança, constatou-se que são os próprios utilizadores a manifestar desinteresse e desconhecimento sobre a matéria. Todavia, os descontentamentos não impedem que a ideia, “Tudo o que existe está no Facebook, senão está no Facebook, não existe”, seja generalizada.

The purpose of this thesis is to find out about Portuguese Facebook practices, how they deal with technology and how they present themselves to others throughout it. We have tried to uncover a relationship between their online and offline behaviour through causes research observing different activities carried out. Various types of online role-play were identified namely involvement in activism and if some of the users carried causes to the platform with them that they had already been involved with offline, others initiated their forms of activism using the platform. Although it is not correct to state that the online role-play is totally different from the offline role-play since there is a connection in social practices, it is clear that through Facebook the users have the capacity to modify and/or control the effects of their acts. This capacity, which is the range that the technology confers to the individual, is attained through a transparency which should guarantee the establishment of the concept of donation present in the potlatch ritual, at the level of online exchange, but collides with the user’s need for privacy. However, in terms of the levels of privacy and security, we established the presence that it is the users themselves who manifest a disinterest about the subject. Nevertheless, the dissatisfaction does not impede that the idea “everything that exists is on Facebook, if it isn’t on Facebook, it doesn’t exist”, be widespread.