As experiências de integração de crianças e jovens refugiados ucranianos no sistema educativo português

Abstract

Numa contemporaneidade marcada pelo aumento dos fluxos migratórios, e em particular, das deslocações forçadas, o debate em torno da integração das populações refugiadas tem ganho expressão. Este estudo, dirigindo o foco e dando voz a um público duplamente vulnerável, pretendeu compreender que experiências têm vivenciado crianças e jovens refugiados ucranianos na integração no sistema educativo português. A partir de uma metodologia qualitativa e análise intensiva com suporte do software MAXQDA, exploramos de que forma se tem afigurado as suas experiências no país de acolhimento, através da análise de dimensões como a relação com a escola e com os pares, a importância da manutenção da cultura de origem, e a representação de elementos de discriminação ou outros que se afigurem enquanto barreiras ao seu processo de integração. Concluímos que estes estudantes aparentam estar a ter uma integração bem sucedida no seu país de acolhimento, e em particular, no contexto escolar. Para o feito, destaca-se a importância das redes de sociabilidade que estabelecem com os seus pares, assim como a relação positiva que mantêm com os professores e outros agentes escolares. Ainda assim, em matéria de obstáculos sentidos, destacam-se as barreiras linguísticas e a presença de situações discriminatórias, enquanto principais elementos dificultadores do seu processo de integração.

In a contemporary world marked by an increase in migratory flows, and in particular forced displacement, the debate around the integration of refugee populations is gaining ground. This study, focusing on and giving voice to a doubly vulnerable public, sought to understand what experiences Ukrainian refugee children and young people have had when integrating into the Portuguese education system. Using a qualitative methodology and intensive analysis with the support of MAXQDA software, we explored how their experiences in the host country have appeared, by analyzing dimensions such as the relationship with the school and with peers, the importance of maintaining the culture of origin, and the representation of elements of discrimination or others that appear to be barriers to their integration process. We conclude that these students appear to be integrating successfully in their host country, and particularly in the school context. The importance of the networks of sociability they establish with their peers, as well as the positive relationship they have with teachers and other school staff, stand out. Nonetheless, in terms of perceived obstacles, language barriers and the presence of discriminatory situations stand out as the main elements hindering their integration process.