Integração de migrantes curdos nos cuidados de saúde em Portugal e na Escócia: Uma análise comparativa

Abstract

O Curdistão, região situada no Médio Oriente e com territórios ocupados por 4 países diferentes, representa a maior nação sem um estado reconhecido. Desde há um século que os vários desenvolvimentos no Curdistão têm levado a que os curdos migrem, sendo que, atualmente, existe uma diáspora significativa na Europa. A preocupação com a integração de migrantes tem estado cada vez mais presente nos diálogos internacionais e nacionais. Ao longo dos últimos anos, têm sido criadas medidas que procuram fazer face aos desafios apresentados por migrações desreguladas. São vários os fatores determinantes de integração, como acesso a empregabilidade, habitação, educação e cuidados de saúde. Esta dissertação procurou compreender as experiências dos migrantes curdos nos momentos de acesso aos cuidados de saúde, quer em Portugal, quer na Escócia, onde, contrariamente a Portugal, existe uma comunidade curda significativa. Vários estudos comprovam a existência de uma correlação entre migração e estado de saúde, pelo que o acesso a estes cuidados deve ser garantido. Adicionalmente, procurou-se analisar se houve acesso a aprendizagem de língua, sendo este um fator que influencia todas as outras dimensões de integração. Optou-se por uma metodologia qualitativa, e foram realizadas entrevistas semi-estruturadas a 16 curdos. Os resultados revelam que o fator linguístico pode de facto influenciar o acesso aos cuidados de saúde, assim como a redes de sociabilidade, o apoio institucional, e ainda o estatuto do migrante. Adicionalmente, provou-se essencial investir na divulgação de informação, no uso de intérpretes, e na capacitação dos profissionais de saúde para trabalhar com migrantes, apostando na sensibilização para questões culturais e particularidades específicas a determinadas populações.

Kurdistan, a region situated in the Middle East and with territories occupied by 4 different countries, represents the biggest nation without a recognized state. Over the past century the various developments in Kurdistan have led the Kurdish people to migrate, and there is currently a significant diaspora in Europe. The concern with migrant integration has been increasingly present on international and national dialogues. In recent years, measures have been created to address the challenges posed by irregular migrations. There are many factors that could determine integration, such as access to employability, housing, education and healthcare. This dissertation aimed at understanding the experiences of Kurdish migrants when accessing the healthcare services, both in Portugal and in Scotland, where, contrary to Portugal, there is a significant Kurdish community. Numerous studies show a correlation between migration and health state, so this access must be granted. Additionally, the researched aimed to analyse if there was access to language learning, this being an influencing factor for all the other dimensions of integration. A qualitative methodology was opted for, and semi structured interviews were conducted with 16 Kurdish people. The results reveal that the linguistic factor can indeed influence access to healthcare, as well as social networks, institutional support and the migration status. Furthermore, investing on the information dissemination, interpreter services and capacitation of health professionals working with migrants, focusing on awareness raising for cultural matters and specific particularities of determined populations proved to be essential.