Proximidade digital: As relações entre o teletrabalho, as interações interpessoais e os big 5

Abstract

A adoção do teletrabalho, embora já existente há vários anos, aumentou significativamente durante a pandemia de COVID-19. A literatura tem evidenciado que uma das principais limitações do teletrabalho é o isolamento social, tornando-se as interações interpessoais entre colegas e o bem-estar dos teletrabalhadores temas de elevada relevância. Com base no e-work life model, este estudo investigou a relação entre o teletrabalho e o bem-estar, propondo o papel mediador das interações interpessoais. Adicionalmente, o neuroticismo tem sido identificado como um fator moderador que pode tanto atenuar quanto amplificar as atitudes em relação ao teletrabalho. Assim, este estudo também testou o papel moderador do neuroticismo na relação entre o teletrabalho e o bem-estar, mediada pelas interações interpessoais. A amostra incluiu 353 participantes, e os resultados indicaram que o teletrabalho está positivamente associado ao bem-estar por meio das interações interpessoais. No entanto, essa relação foi moderada pelo nível de neuroticismo, sendo mais forte entre indivíduos com níveis mais baixos deste traço. Este estudo mostra que uma perceção positiva do teletrabalho é fundamental para a promoção de interações interpessoais positivas entre colegas que, por sua vez, contribui para níveis mais elevados de bem-estar. Assim, a forma como os trabalhadores percebem o teletrabalho pode ser determinante na criação de um ambiente laboral positivo, que facilita o bem-estar através de relações interpessoais mais saudáveis e cooperativas.

The adoption of teleworking, although it has existed for several years, has increased significantly during the COVID-19 pandemic. The literature has shown that one of the main limitations of teleworking is social isolation, making interpersonal interactions between colleagues and the well-being of teleworkers highly relevant topics. Based on the e-work life model, this study investigated the relationship between teleworking and well-being, proposing the mediating role of interpersonal interactions. In addition, neuroticism has been identified as a moderating factor that can either attenuate or amplify attitudes towards teleworking. Thus, this study also tested the moderating role of neuroticism in the relationship between teleworking and well-being, mediated by interpersonal interactions. The sample included 353 participants, and the results indicated that teleworking is positively associated with well-being through interpersonal interactions. However, this relationship was moderated by the level of neuroticism, being stronger among individuals with lower levels of this trait. This study shows that a positive perception of teleworking is fundamental to promoting positive interpersonal interactions between colleagues, which in turn contributes to higher levels of well-being. Thus, the way workers perceive teleworking can be a determining factor in creating a positive work environment that facilitates well-being through healthier and more cooperative interpersonal relationships.