Diversidade em pessoas em condição de sem-abrigo: Experiências de mulheres, migrantes e pessoas LGBTQIA+ a nível psicológico e psicossocial

Abstract

Este estudo examinou as experiências de pessoas em condição de sem-abrigo em Portugal, focando-se em grupos que enfrentam vulnerabilidades específicas, tais como mulheres, migrantes e pessoas LGBTQIA+. O método utilizado neste estudo de carácter qualitativo foi a entrevista, que pretendeu examinar os desafios sociais, psicológicos e materiais enfrentados por estas pessoas, assim como as respostas sociais e de saúde disponíveis. Foram entrevistadas um total de 13 pessoas em situação de sem-abrigo na área da grande Lisboa. Os resultados identificaram necessidades específicas das mulheres, que incluem as experiências de insegurança e violência, e questões relacionadas com saúde. Também as comunidades migrantes relataram necessidades específicas, bem como experiências de discriminação e exclusão. Já as pessoas da comunidade LGBTQIA+ relataram sentir-se mais vulneráveis a agressões e preconceitos, impactando a sua saúde mental. Ao analisar estas entrevistas foi possível compreender que viver nesta condição de sem-abrigo é uma experiência complexa, marcada por exclusão e estigma, e que exige políticas públicas mais inclusivas e adaptadas conforme as especificidades de cada grupo-alvo. Este trabalho contribui para a compreensão das realidades vividas por esta população, promovendo a construção de intervenções mais eficazes e humanizadas.

This study examines the experiences of homeless people in Portugal, focusing on groups that face specific vulnerabilities, such as women, migrants and LGBTQIA+ people. The method used in this qualitative study was the interview, which aimed to examine the social, psychological and material challenges faced by these people, as well as the social and health responses available. A total of 13 people in the condition of homelessness in the greater Lisbon area were interviewed. The results identified women's specific needs, which include experiences of insecurity and violence, and health-related issues. Migrant communities also reported specific needs, as well as experiences of discrimination and exclusion. People from the LGBTQIA+ community reported feeling more vulnerable to aggression and prejudice, impacting their mental health. By analyzing these interviews, it was possible to understand that living in this condition of homelessness is complex, marked by exclusion and stigma, and requires public policies that are more inclusive and adapted to the specificities of each target group. This work contributes to a deeper understanding of the realities experienced by this population, promoting the construction of more effective and humanized interventions.