Sair ou ficar? Fatores de retenção de médicos num serviço de medicina interna

Abstract

No Serviço Nacional de Saúde (SNS) o número de recursos humanos, diminuiu nos últimos anos, com impacto na qualidade dos cuidados de saúde. O objetivo do estudo é determinar que fatores fazem com que os médicos fiquem no SNS, quais os que levam à sua saída, o que possibilitará estabelecer soluções. Procurou responder-se à questão de investigação: “Como reter os médicos nos hospitais do Serviço Nacional de Saúde?”. Foi estudado um caso real que foi o Serviço de Medicina Interna do Hospital Beatriz Ângelo. A teoria desenvolvida e a fazer a ligação foi a teoria da Job Embeddedness. A recolha de dados foi feita por várias fontes: documentação interna, investigador participante e entrevistas individuais semiestruturadas a médicos que ficaram e a médicos que saíram do Serviço de Medicina Interna. A análise de dados foi por análise de conteúdo, utilizando-se a metodologia Gioia. Relativamente aos resultados consideraram-se várias dimensões agregadas para cada amostra. As diferenças referem-se na amostra médicos que ficaram, na existência de ligações mais fortes às pessoas e à organização, um espírito próprio e de resiliência, capazes de ultrapassar melhor as dificuldades. Apesar de terem vivenciado as mesmas mudanças na organização, foram as ligações fortes que permitiram ultrapassar essas fases negativas e que os fizeram ficar. As dimensões agregadas apontam para pontos de melhoria, que serão a base para desenvolver um plano estratégico de retenção. A teoria Job Embeddedness tem aplicabilidade nos resultados, mas com duas peculiaridades, primeiro na amostra médicos que ficaram, a relação que existe com a organização ultrapassa o conceito de ajustamento, em segundo lugar, não é dada importância significativa à embeddedness na comunidade. Por último são apontadas as limitações da transferibilidade dos resultados para outras unidades de saúde, considerando-se ainda implicações para pesquisa futura.

In the National Health Service (NHS), the number of human resources has decreased in the last years, impacting the quality of healthcare. The aim of the study is to determine which factors contribute to doctors staying in the NHS, and which ones lead them to leave, what would allow to stablish solutions. The study sought to answer the research question: “How to retain doctors in National Health Service hospitals?”. It was studied a real case, the Internal Medicine Service of Hospital Beatriz Ângelo. The developed and connecting theory was the Job Embeddedness theory. The data was collected by documentary information, participant-observation and individual semi-structured interviews to the doctors who stayed and the doctors that left the Internal Medicine Service. Data was examined through content analysis, using the Gioia methodology. Regarding results, multiple aggregated dimensions were considered for each sample. The differences in the sample doctors who stayed refer to the existence of stronger connections to people and to the institution, a proper character of resilience, able to better overcome difficulties. Although they experienced the same changes in the organization, it was stronger connections that allowed them to overcome that unfavorable stages and made them stay. The aggregated dimensions trace back to areas of improvement, which will be the groundwork to develop a strategic retention plan. The Job Embeddedness theory is applicable to the results, however with two features: primarily, in the sample doctors who stayed, the relationship that exists with the organization transcends the adjustment concept; secondly, is not given significance to embeddedness in the community. Lastly, it is pointed out the results` limitation of transferability to other institutions, considering implications for future research.