Semba enquanto património imaterial: Políticas, imagens e sonoridades da cultura em Angola

Abstract

Esta dissertação examina a transformação da música e dança – com foco no semba –, enquanto património cultural intangível contemporâneo, considerando a influência da turistificação, comercialização, objetificação e patrimonialização. A tendência global de elevar diversos géneros musicais e de dança à categoria de património imaterial, certificada pela UNESCO, é contextualizada. A pesquisa analisa as políticas culturais do Estado angolano e a sua projeção global, centrando-se nas dinâmicas entre a comunidade de práticas do semba e a comunidade autorizada na esfera estatal. Explorando os processos de inventariação de bens culturais imateriais, a pesquisa busca reconfigurar imagens e políticas culturais, alinhando-se com a Convenção da UNESCO para a Salvaguarda do Património Cultural Imaterial. A tese acompanha interlocutores da comunidade do semba, explorando identificações, narrativas e memórias ligadas ao semba como património. Simultaneamente, investiga como os agentes da comunidade autorizada projetam esse bem cultural, considerando lógicas de exibição e representações pós-coloniais de Angola. Ao destacar as interações entre essas comunidades, a pesquisa enfatiza dinâmicas complexas na construção e representação do Património Cultural Imaterial em Angola, marcadas por fricções e polinizações. Esta investigação contribuiu para elevar o semba a património imaterial nacional, um passo crucial para a sua potencial inclusão na lista representativa da UNESCO, promovendo a compreensão e preservação do património cultural angolano.

This dissertation explores the transformation of music and dance – with a particular focus on semba – as an intangible cultural heritage in the contemporary context, where phenomena such as touristic influence, commercialization, objectification, and heritage designation play significant roles. The notable trend of elevating various musical and dance genres to the status of intangible heritage, endorsed by UNESCO, is contextualized within the past decades. The research delves into the cultural policies of the Angolan state and their global projection, centering on the dynamics between the semba community of practices and the authorized community within the sphere of the Angolan state. By examining the processes of inventorying intangible cultural assets, the study aims to reshape images and cultural policies, aligning with the application of UNESCO's Convention for the Safeguarding of Intangible Cultural Heritage. The thesis follows key interlocutors within the semba community, exploring their identifications, narratives, and memories related to semba as cultural heritage. Simultaneously, the research investigates how various actors associated with the authorized heritage community project this cultural asset, considering display logics and representations of Angola in a postcolonial context. By highlighting interactions between these two communities, the research underscores the complex dynamics in the construction and representation of intangible cultural heritage in Angola, characterized by frictions and pollinations. This study contributed to the elevation of semba to national intangible heritage, a crucial step towards its potential inscription on UNESCO's Representative List of the Intangible Cultural Heritage. It promotes understanding and preservation of Angolan cultural heritage on the global stage.