Dinâmicas de género no ensino pré-escolar: Explorando as experiências e estratégias dos homens

Abstract

Esta dissertação pretendeu analisar as dinâmicas de género ocorridas no ensino préescolar, um contexto profissional feminino. Foi realizado um estudo qualitativo que teve como objetivos específicos analisar as experiências dos homens educadores a exercer a sua atividade em condição de extrema minoria, de forma a verificar se estes sentiam algum obstáculo à sua integração e desigualdades de género, em comparação com as mulheres, pertencentes ao grupo dominante. Pretendeu-se, aferir se os homens vivenciavam as três consequências negativas apontadas por Kanter (1977). Este estudo empírico consistiu na realização de 14 entrevistas individuais semiestruturadas a educadores/as de infância, com idades compreendidas entre os 21 e os 61 anos. Foram identificados nove temas referentes: às reações à escolha da profissão; obstáculos à integração; aspetos gratificantes da profissão; à visibilidade; à polarização; à assimilação; desconstrução de papéis e estereótipos de género; cuidados a ter na relação com as crianças; e às estratégias de gestão da situação por parte dos educadores de infância. Concluímos que, existem alguns obstáculos e pressões no início das carreiras dos homens educadores, no entanto, não existe uma desigualdade de género marcada negativamente neste contexto pelos seus profissionais. A maior consequência negativa para os homens está relacionada com a questão do toque físico, devido aos temas de abuso sexual e pedofilia, que coloca sobre eles uma pressão que interfere com as suas dinâmicas de trabalho.

This dissertation aimed to analyze the gender dynamics that occurred in preschool education, a female professional context. A qualitative study was carried out with the specific objectives of analyzing the experiences of male educators exercising their activity in conditions of extreme minority, in order to verify if they felt any obstacle to their integration and gender inequalities, in comparison with women, belonging to the dominant group. It was intended to assess whether men experienced the three negative consequences pointed out by Kanter (1977). This empirical study consisted of 14 individual semi-structured interviews with childhood educators, aged between 21 and 61 years. Nine themes were identified regarding: reactions to the choice of profession; obstacles to integration; rewarding aspects of the profession; visibility; polarization; assimilation; deconstruction of gender roles and stereotypes; care to be taken when dealing with children; and the situation management strategies of the kindergarten teachers. We conclude that there are some obstacles and pressures at the beginning of the careers of male educators, however, there is no gender inequality marked negatively in this context by their professionals. The biggest negative consequence for men is related to the issue of physical touch, due to the themes of sexual abuse and pedophilia, which puts pressure on them that interferes with their work dynamics.