Nacionalismo, irredentismo e o colapso das democracias na Europa entre guerras: 1918-1939

Abstract

O colapso das democracias europeias no período entre guerras serviu de preâmbulo à desintegração da ordem mundial estabelecida com o tratado de Versailles e, consequentemente, à segunda guerra mundial. O objetivo desta dissertação é contribuir para a explicação da “primeira contra vaga de democratização” a partir de dois fatores: a) a existência de minorias e b) a competição entre nacionalismos (sob a forma de instabilidade de fronteiras). Assim, analisamos 28 democracias presentes no sistema internacional entre 1918 e 1939 através de análises multivariadas – designadamente regressões categoriais – controlando os efeitos de outras variáveis apontadas na literatura como fatores explicativos do colapso da democracia – desenvolvimento económico, longevidade do regime, instabilidade governativa, e variáveis institucionais. Esta dissertação conclui que a heterogeneidade nacional não é um bom preditor do colapso da democracia, ao passo que a presença substancial de populações nacionais fora das fronteiras do estado aumenta as instâncias de colapso da democracia. Já no que toca à instabilidade de fronteiras, esta dissertação conclui que nem a perda, nem a aquisição de territórios como resultado da primeira guerra mundial são bons preditores do colapso da democracia no período entre guerras. Por outro lado, tanto os países irredentistas (revisionistas) como os países cujas fronteiras são questionadas pelos seus vizinhos apresentam mais instâncias de colapso da democracia. Finalmente, os resultados desta dissertação apontam para a existência na literatura de uma sobrevalorização do poder explicativo do subdesenvolvimento económico (vis-à-vis o colapso da democracia) devido à forma como o PIB/per capita é medido.

The collapse of democracies in Interwar Europe was the preamble to the disintegration of the post-Versailles world order and with it the advent of the Second World War. The aim of this dissertation is to contribute to the explanation of the first “counter-wave of democracy” in Europe focussing primarily on two factors: a) the existence of minorities (within and outside the country), and b) competition between nationalisms (in the form of border instability). In order to accomplish this we analyse 28 democracies present in the international system between 1918 and 1939 through the use of multivariate analysis – particularly categorical regressions – controlling the effect of other variables pointed in the literature as factors of democratic collapse – economic development, regime longevity, governmental instability, and institutional variables. This dissertation concludes that national heterogeneity is not a good predictor of democratic collapse whereas the existence of considerable national populations outside the state’s borders increases the instances of the collapse of democracy. With regards to border instability we conclude that neither the loss nor the gain of territories as a result of the First World War is a good predictor of democratic collapse in the Interwar period. On the other hand, both irredentist (revisionist) countries and states whose borders are questioned by their neighbours exhibit more instances of democratic collapse. Finally the findings of this dissertation indicate that the literature overemphasises the explanatory power of economic underdevelopment (vis-à-vis the collapse of democracy) due to the way GDP/per capita is measured.