Leituras e leitores II: reflexões finais em tomo dos resultados de um inquérito

Abstract

Neste artigo comentam-se os pontos de partida teórico-metodológicos que viabilizaram o Inquérito aos Hábitos de Leitura (1989), mormente no que respeita à concepção de leitura, a qual é encarada como acto de apropriação e de re-produção dos textos. Justificam-se ainda as opções feitas em matéria de modalidades do impresso (livros, jornais e revistas) sobre as quais se recolheu informação referente à leitura realizada pelos inquiridos, e também relativamente às tipologias estabelecidas de leitura (cumulativa, parcelar) e de leitores (grandes, médios e pequenos). Tendo em conta alguns resultados do Inquérito que se afiguram de maior relevo, designadamente aquele que permite circunscrever a muito larga faixa de população inquirida que no máximo faz da chamada "leitura legítima" um escasso consumo, tecem-se alguns comentários no registo de uma política cultural interessada em potenciar os hábitos de leitura do livro.

After a previous article summed up the results of an inquiry into Portuguese reading habits, the authors now present some comments concerning the theoretical and methodological framework of their survey. The starting point was a conception of reading as an act of appropriation and reproduction of the text. Subsequently, two other aspects receive particular attention: the option of extending the inquiry to three different types of reading material (books, newspapers and magazines) and the construction of a typology of reading (accumulative and partial) and a typology of readers (great, middle and weak). Finally, this article deals with some of the most relevant problems arising from the survey, especially with the large group of people whose reading habits exclude books (the "legitimate" reading) or confine them to a weak consumption. In this context the authors also produce some critical observations eventually useful to promoting a cultural policy interested in improving reading habits.

Précédé par une synthése des résultats d"une enquête sue les habitudes de lecture des portugais, le présent article propose quelques réflexions sur les fondements théoriques et méthodologiques de cette enquête. Les auteurs partent d"une conception de la lecture comme acte d"appropriation et de reproduction du texte. Ensuite, deux questions méritent une attention particulière: l"option de considérer trois modalités de l"imprimé (livres, jornaux et revues) et la construction d"une typologie de la lecture (cumulative et parcelaire) et d"une typologie des lecteurs (grands, moyens et petits lecteurs). Renvoyant aux résultats obtenus, l"article procède à un bilan des questions principales, surtout en ce qui concerne le large nombre de la population enquêtée qui ne lit pas des livres (la lecture "légitime";) ou en fait une faible consommation, polir terminer avec quelques suggestions au regard d"une politique culturelle interessée à la promotion de la lecture du livre.

En este artículo se comentan los puntos de partida teórico-metodológicos que hicieron posible la «La Encuesta de los Hábitos de Lectura» (1989), sobre todo en lo que respeta a la concepción de lectura la cual es encarada, como un acto de apropiación y de re-producción de los textos. También se justifican las opciones hechas en materia de modalidades de lo impreso (libros, periódicos y revistas) sobre las cuales se recogió información referente a la lectura realizada por los encuestados, y también relativamente a las tipologías establecidas de lectura (cumulativas, parcelar) y de lectores (grandes, medios y pequeños). Teniendo en cuenta algunos resultados de la encuesta, sobre todo aquél que permite circunscribir la larguísima capa de población encuestada que como máximo hace de la llamada «lectura legítima» un consumo escaso, se entremezclan algunos comentarios en el registro de una política cultural interesada en potenciar los hábitos de lectura de libros.