As colónias balneares: o veraneio das crianças pobres de Lisboa (1900-1930)

Abstract

Esta dissertação tem como principal objeto de estudo as obras públicas e privadas no campo de ação das colónias balneares, no período entre 1900 e 1930. Apesar do processo de industrialização em Portugal ter sido lento e pouco denso, teve algumas consequências para as principais cidades do país, em especial para Lisboa, que se refletiu no aumento demográfico. Mas a cidade não estava preparada e durante muitas décadas a sobrelotação de alguns espaços conduziu à degradação das condições de vida. De modo a apoiar as famílias mais carentes mas também para alterar a imagem que cidade impôs, no final do século XIX surgiram projetos de apoio social, pois era necessário criar medidas sociais de modo a permitir uma renovação do espaço urbano. A maioria destas ações foi direcionada sobretudo para as populações mais jovens, pois estes poderiam ser auxiliados e assim tornarem-se bons cidadãos, consequência dos novos pensamentos antropológicos. Aliando as novas formas de apoio social e as novas descobertas científicas da época, surgiu a preocupação de impor novas práticas higiénicas, por isso as instituições começaram a organizar as colónias de férias, para que as crianças durante uma temporada do ano pudessem ter acesso aos banhos de mar e ar puro, com o pretexto de prevenção e cura que estes proporcionavam. As colónias de férias balneares que eram organizadas por instituições que acompanhavam as crianças diariamente à praia, outras instituições alugavam casa ou estas eram emprestadas por benfeitores e outras instituições tinham casas próprias de veraneio.

This dissertation has the main subject the public and private works in the field of action of summer camps, in the period between 1900 and 1930. Although the process of industrialization in Portugal has been slow and not very dense, had some consequences for the country´s main cities, particularly to Lisbon, which was reflected in the increase of population. But the city wasn´t prepared for many decades and overcrowding in some areas led to the degradation of living conditions. In order to support the poorest families but also to change the image that the city has imposed in the late nineteenth century emerged social projects, it was necessary to crate social measures to allow a renewal of the urban space. Most of these actions were directed especially to younger people because they could be saved and so became good citizens, a result of new anthropological thinking. Combining the new forms of social support and new scientific discoveries of the time, there was a concern impose new hygiene practices, so the institutions have begun to organize summer camps for children during a season of the year could have access to baths sea and fresh air, with the pretext or prevention and cure. The seaside holiday camps that were organized by institutions that accompanied the children to the beach every day, other institutions rented or these were borrowed from benefactors and institutions had their own houses for holidays.