Discriminação em relação às pessoas idosas: o papel da legitimidade da discriminação na identificação com o grupo dos idosos e no seu bem-estar psicológico

Abstract

A discriminação com base na idade é uma das formas de discriminação mais toleradas no mundo. Em Portugal afecta principalmente as pessoas idosas. As pessoas idosas tendem a justificar o sistema que as discrimina (Marques, 2011) e a preferirem o exogrupo em vez do endogrupo (Levy & Schlesinger, 2001). Nos seus estudos, Jetten e colaboradores (2011) propuseram que a discriminação pode ser avaliada como legítima ou ilegítima e que é necessário compreender como é que os indivíduos respondem em face das avaliações da discriminação. Os resultados mostraram que as avaliações da legitimidade da discriminação moderam o efeito da discriminação permanente. O presente estudo foi desenhado tendo como referência a investigação de Jetten e colaboradores (2011) e teve como objectivos compreender o papel das avaliações da legitimidade da discriminação na identidade grupal das pessoas idosas e no seu bem-estar. A amostra foi constituida por 104 indivíduos de ambos os sexos com idades a partir dos 65 anos, autónomos e activos. Os resultados demonstraram efeitos marginais da condição de legitimidade na identidade grupal, ao nivel das dimensões da satisfação e da solidariedade com o grupo e no bem-estar. Na condição de ilegitimidade da discriminação os participantes mostraram-se mais identificados com o grupo, ao nível da solidariedade e reportaram niveis mais elevados de felicidade e satisfação com a vida.

Age is one of the most tolerated form of discrimination in the world. In Portugal it affects mainly the elderly people. These tend to justify the system that discriminates them (Marques, 2011) and they prefer the outgroup rather than the ingroup (Levy & Schlesinger, 2001). Jetten et al., (2011) proposed that discrimination can be appraised as legitimate or illegitimate and that is necessary to understand how individuals respond in face of legitimacy appraisals of the discrimination. The results showed that legitimacy appraisals moderate the effect of the pervasive discrimination. The present study was designed having as reference Jetten and colleagues research and intended to understand the role of legitimacy appraisals in the group identification and in the well-being of the elderly people. Participants were 104 individuals, both sex, aged 65 or more, autonomous and active. The results showed marginal effects of the legitimacy condition in the group identity at the solidarity dimension and in well-being. In the illegitimacy condition the participants reported more solidarity with the ingroup and more happiness and satisfaction with life.