Uma Ilha na Península: o centro de acolhimento para refugiados de Peniche (1977-1982)

Abstract

Esta dissertação pretende relatar e analisar certos aspectos da estadia de populações oriundas das ex-colónias portuguesas no Centro de Acolhimento para Refugiados, instalado na Fortaleza de Peniche, entre 1977 e 1982. Apresenta-se como um enquadramento empírico, fase inicial de um estudo de maior dimensão no quadro de um Doutoramento sobre o mesmo tema. Após um enquadramento histórico sobre o papel do monumento fortaleza no desenvolvimento da vila, e certas considerações sobre diferenciações entre retornados e refugiados, procuramos entender os processos de integração dessa população num contexto social e cultural diferente. Tentámos assim mostrar como indivíduos que perderam os seus pontos de referências, devido ao exílio ao qual foram obrigados, reconstruem redes de solidariedade e sociabilidade dentro do espaço confinado de um centro desta natureza, e quais os processos e os factores que vão permitir manter, ou não, o equilíbrio psicológico de pessoas que passaram por experiencias traumatizantes. Tentámos também explicitar de que formas os utentes da fortaleza relacionaram-se com o exterior, com os habitantes a vila de Peniche, para integrar-se e repensar as suas estratégias de vida.

This dissertation intends to report and analyze certain aspects of the stay of populations originated from the Portuguese ex-colonies in the Refugee Center “Centro de Acolhimento a Refugiados”, installed in the Fortress of Peniche, between 1977 and 1982. It presents itself as an empirical framework, on its initial phase for deeper and more detailed study in the context of a Post-graduation on the same subject. After a historical framing of the role of the Fortress monument, in the development of the town, and certain considerations on differences between returnees and refugees, we tried to understand the processes of integration of this population in a different social and cultural context. We tried to show how individuals who had lost their points of reference, due to the exile to which they were forced, reconstruct solidarity and sociability networks within the confined space of a centre of this nature, and what processes and the factors will allow to maintain, or not, the psychological balance of persons who suffered traumatic experiences. We also tried to explain in which ways the fortress users have related with the outside, Peniche locals, to reintegrate and rethink about their life’s strategies.