Cuidar de doentes deslocados: Um estudo das dinâmicas familiares de doentes deslocados, por períodos de longa duração, beneficiários do Serviço Regional de Saúde da Região Autónoma dos Açores

Abstract

O presente estudo privilegiou a análise das dinâmicas familiares face à deslocação prolongada por motivos de saúde de familiares visando contribuir para o conhecimento do modo como este acontecimento é experienciado no seio da família, identificar os principais desequilibrios e dificuldades experimentadas, bem como dar visibilidade ao papel das redes informais e formais de suporte em contextos de dupla fragilização dos sujeitos. O estudo adoptou um enfoque qualitativo, exploratório, utilizando a entrevista como meio privilegiado de recolha de dados e a abordagem fenomenológica para a sua interpretação. O universo do estudo foi composto pelos beneficiários do Serviço Regional de Saúde da Região Autónoma dos Açores que se mantiveram deslocados por períodos superiores a 91 dias, sendo a amostra constituida por 8 indivíduos. A análise das narrativas dos participantes leva-nos a inferir que a deslocação de um membro da família da sua residência por motivos clínicos, maximizada pela dupla circunstância da longa distância física e longa duração da estadia hospitalar, provoca desequilíbrios de ordem económica, familiar e afectiva, não sendo os apoios formais disponibilizados os suficientes e adequados às necessidades daqueles que se ausentam por longos períodos. O suporte informal, prestado pela família, amigos e indivíduos, que naquele contexto se revelaram significativos, apresentou-se como capital social imprescindível nas estratégias de enfrentamento subjectivo e material das dificuldades experimentadas pelas famílias.

Considering that the displacement of patients falls within the professional intervention of the researcher, reflecting on the theme and on the contributions of those who have experienced it has become relevant to understand how this incident is experienced within a family; if the supports available have answered the family needs as well as identifying major instability caused. We have chosen a qualitative and exploratory study, using the interview as a privileged means of data collection and phenomenological approach to its interpretation. The total study population was composed of the beneficiaries of the Regional Health Service who remained displaced for longer than 91 days, the sample consisting of eight individuals. The reflection on the narratives of the participants leads us to infer that the displacement of a family member out of their island of residence on clinical grounds causes economic, familiar and emotional instability. The available formal supports are neither sufficient nor adequate to fulfil the needs of those who are absent for long periods. The informal support, provided by family, friends and individuals, wich in that context turned out to be significant, was considered essential to the phenomenon in study.