Uma década em análise: Privação relativa, crime e saúde entre jovens na Europa

Abstract

O aumento da criminalidade tem vindo a receber uma atenção crescente, refletida no aumento do número de estudos científicos recentes. Os jovens são particularmente vulneráveis à violência, tanto como vítimas quanto como perpetradores, sendo a violência interpessoal uma das principais causas do envolvimento dos jovens com a justiça na União Europeia. Este trabalho analisa a relação entre privação relativa, necessidades de saúde não atendidas e perceção da criminalidade, com foco em jovens entre 16 e 24 anos, no período de 2010 a 2020, com os dados provenientes do Eurostat relativos a este período. Os resultados confirmam a relevância da privação relativa, corroborando estudos anteriores que destacam a perceção de desigualdade e frustração como fatores que aumentam a perceção do envolvimento em atividades criminosas pelos jovens. Além disso, as necessidades de saúde não atendidas emergem como um fator importante na intensificação da perceção sobre comportamentos delinquentes, particularmente quando associadas à privação relativa, evidenciando a importância da saúde mental como elemento-chave na prevenção da criminalidade. A análise também revela que a interação entre privação relativa, saúde não atendida e juventude amplifica a perceção dos jovens sobre criminalidade, reforçando a necessidade de políticas públicas integradas. Sugere-se o reforço da implementação de programas de apoio à saúde mental nas escolas, a criação de oportunidades educacionais e profissionais para jovens em risco, e desenvolvimento de infraestruturas sociais em áreas com alta privação.

The increase in crime has been receiving growing attention, reflected in the rising number of recent scientific studies. Young people are particularly vulnerable to violence, both as victims and as perpetrators, with interpersonal violence being one of the main reasons for youth involvement with the justice system in Europe. This study examines the relationship between relative deprivation, health, and perceptions of crime, focusing on young people aged 16 to 24 between 2010 and 2020. The results confirm the relevance of relative deprivation, supporting previous studies that highlight perceptions of inequality and frustration as factors that increase the perception of youth involvement in criminal activities. Additionally, unmet health needs emerge as a significant factor in intensifying delinquent behaviors, particularly when associated with relative deprivation. The combination of these factors proves to be even more critical for young people facing barriers to accessing healthcare, underscoring the importance of mental health as a key element in crime prevention. The analysis also reveals that the interaction between relative deprivation, unmet health needs, and youth amplifies young people's perception of crime, reinforcing the need for integrated public policies. It is suggested to implement mental health support programs in schools, create educational and professional opportunities for at-risk youth, and develop social infrastructures in areas with high deprivation. Furthermore, the importance of family support and mentoring programs is emphasized to help mitigate perceptions of social exclusion.