Riscos e delinquências juvenis em contextos de realojamento: identidades, imagens e expectativas dos jovens

Abstract

A 'violência urbana', associada à 'delinquência' e 'insegurança', tornou-se um tema recorrente nas discussões actuais sobre a cidade, objecto de colóquios e debates científicos, técnico-profissionais ou políticos. Mas o termo 'violência urbana', no discurso dos dias de hoje, continua a ser um conceito impreciso e variável, por vezes até contraditório, segundo a perspectiva das diferentes categorias profissionais ou institucionais que a abordam. A essa ambiguidade e imprecisão semântica e de conteúdo não escapa a violência protagonizada pelos jovens, e se a realidade estatística dá conta da delinquência juvenil, não faz a leitura da mudança da sua configuração, motivações, processos, formas de agir e alvos a atingir, numa abordagem complexa e integrada. Partindo da discussão actual das políticas públicas que podem ser postas em prática face ao crescimento da 'violência nas cidades', da 'insegurança urbana', e sobretudo, da 'delinquência juvenil', o desafio proposto foi a análise do risco, da violência, e da delinquência juvenis nos bairros de realojamento, reinterpretando os discursos, as práticas e as interacções dos jovens, os grupos socialmente informais que integram, as trajectórias que desenvolvem, relacionando- os necessariamente com as instituições escola e família, de forma a analisar as lógicas de produção dos comportamentos 'violentos'. O objectivo final foi perceber o sentido das políticas públicas capazes de intervir eficazmente nos factores que estão na origem e no desenvolvimento dessas situações.