Protelamento da alta hospitalar no Serviço de Medicina Interna do Hospital Garcia de Orta: Causas, consequências e soluções

Abstract

O tempo de internamento em hospitais é frequentemente utilizado como um indicador de eficiência, pois uma estadia mais curta reduz o custo por alta e transfere os cuidados de internamento para ambiente pós-agudo mais seguro e menos dispendioso. Esta medida é também um dos principais indicadores de desempenho, utilizado para avaliar a eficiência hospitalar. O protelamento da alta hospitalar inicia-se no momento em que é atribuída a alta clínica e o utente não abandona o hospital. Tal ocorre quando se verificam necessidades de cuidados alternativos e a transferência do utente para uma unidade externa não é assegurada atempadamente. A efetivação da alta hospitalar nestes casos é um processo complexo pois requer uma abordagem multidisciplinar. A hospitalização prolongada acarreta consequências para o utente, devido o aumento do risco de infeções, deterioração cognitiva e agravamento dos estados de dependência motora. Verificam-se também complicações a nível organizacional para os hospitais, com o agravamento da taxa de ocupação de camas, redução da capacidade de internamento e o consequente aumento dos tempos de espera. O diagnóstico da situação de protelamento de alta no Serviço de Medicina Interna do Hospital Garcia de Orta evidenciou 1.764 episódios entre 2020 e 2023, traduzindo-se em 9.216 dias de protelamento. Os episódios com duração até 5 dias de protelamento representam 68% dos casos e estão associados a motivos clínicos ou a aguardar apoio social e/ou familiar. O motivo do protelamento da alta depende do estado clínico e nível de autonomia do utente após internamento e das características sociofamiliares do mesmo.

Length of stay in hospitals is often used as an indicator of efficiency, as shorter stays reduce the cost per discharge and transfers inpatient care to a safer and less expensive post-acute environment. This measure is also one of the main performance indicators used to assess hospital efficiency. Delayed discharge begins when the patient is discharged and clinically fit to leave the hospital but does not do so. This occurs when alternative care is needed and the patient is not transferred to an external unit in time. Discharge from hospital in these cases is a complex process because it requires a multidisciplinary approach. Prolonged hospitalization has consequences for the patient, due to the increased risk of infections, cognitive deterioration and worsening states of motor dependence. There are also organizational complications for hospitals, with a worsening bed occupancy rate, reduced inpatient capacity and a consequent increase in waiting times. The diagnosis of the situation of delayed discharge in the Internal Medicine Department of Hospital Garcia de Orta showed 1,764 episodes between 2020 and 2023, which represents 9,216 days of delay. Episodes lasting up to 5 days account for 68% of total cases and are associated with clinical reasons or awaiting social and/or family support. The reason for delayed discharge depends on the patient's clinical condition and level of autonomy after hospitalization, as well as their socio-family characteristics.