A construção do projeto educativo na gestão escolar em Angola: Dilemas e desafios

Abstract

Nos dias de hoje, a escola enquanto organização educativa, faz nascer novas inquietações a fim de proporcionar a educação às exigências e mudanças sociais, políticas e económicas. Para dar uma resposta eficaz e eficiente à árdua missão que a escola possui, é necessário um projeto educativo que serve como orientação educativa da escola. A presente dissertação tem como objetivo estudar o processo de construção do projeto educativo na gestão escolar das escolas primárias e secundárias públicas e privadas em Luanda-Angola. Focámo-nos no grau de participação dos alunos na construção do projeto educativo de escola em Angola. O Projeto Educativo como um instrumento de gestão estratégica das organizações escolares deve ser fruto do diálogo e consenso entre posições diversas dos diferentes intervenientes que participaram na sua elaboração (pais, professores, alunos) consequentemente deve ser único, ter um caráter integrador, abarcar todos os âmbitos da gestão escolar e fazer a escola lançar-se para o futuro. Do ponto de vista metodológico, optámos por realizar um estudo de natureza mista, recorrendo a métodos de recolha de dados qualitativos (entrevista semiestruturada aos alunos) e análise documental. Os principais resultados desta investigação apontam que os diretores escolares em Angola tendem a ser, atualmente, líderes autocráticos, que assumem as suas responsabilidades e não estão abertos à partilha do poder e distribuição de tarefas. Não há um forte envolvimento da comunidade educativa de modo concreto dos alunos, tornando mais baixa a qualidade do ensino e a garantia do bom funcionamento da instituição. As suas funções requerem competências especificas, uma vez que desempenham um papel de pedagogos, políticos, gestores e administradores, mas os diretores carecem de formação específica para o cargo. De acordo com Davis e Newstrom (2002) citado por Samuel Zinga Emília (2016, pp. 23-24) «Os líderes autocráticos são conhecidos pela sua centralização nas tomadas de decisões, esperando que os seus liderados executem exatamente o que lhes foi imposto». Este líder baseia-se em ameaças e punições para atingir os objetivos. Pelo contrário, os líderes participativos descentralizam a autoridade. As decisões provêm da participação e das decisões dos seus liderados, promovendo assim o trabalho em equipa. Para que haja um projeto educativo participativo, o líder deve ouvir os seus liderados para que estes possam expressar os seus interesses e necessidades. As práticas de liderança influenciam a qualidade e a eficácia das organizações escolares sobretudo na construção de um bom projeto educativo onde os alunos também têm vozes.

Nowadays, the school as an educational organisation is raising new concerns in order to provide education to meet social, political and economic demands and changes. In order to provide an effective and efficient response to the school's arduous mission, it is necessary to have an educational project that serves as the school's educational guideline. The aim of this dissertation is to study the process of building the educational project in the school management of public and private primary and secondary schools in Luanda-Angola. We focussed on the degree of student participation in the construction of the educational project in schools in Angola. The Educational Project, as a strategic management tool for school organisations, must be the result of dialogue and consensus between the different positions of the different players involved in its development (parents, teachers, pupils). Consequently, it must be unique, have an integrative character, cover all areas of school management and make the school look to the future. From a methodological point of view, we chose to carry out a study of a mixed nature, using qualitative data collection methods (semi-structured interviews with students) and documentary analysis. The main results of this research indicate that school headmasters in Angola currently tend to be autocratic leaders who assume their responsibilities and are not open to sharing power and distributing tasks. There is no strong involvement of the educational community, specifically the pupils, which lowers the quality of teaching and guarantees the smooth running of the institution. Their functions require specific competences, as they play the role of pedagogues, politicians, managers and administrators, but headteachers lack specific training for the position. According to Davis and Newstrom (2002) quoted by Samuel Zinga Emília (2016, pp. 23-24) "Autocratic leaders are known for their centralised decision-making, expecting their subordinates to carry out exactly what is imposed on them". This leader relies on threats and punishments to achieve objectives. Participative leaders, on the other hand, decentralise authority. Decisions come from the participation and decisions of those they lead, thus promoting teamwork. For there to be a participatory educational project, the leader must listen to his or her subordinates so that they can express their interests and needs. Leadership practices influence the quality and effectiveness of school organisations, especially in the construction of a good educational project where students also have a voice.