O bem-estar organizacional em contexto de sala de partos: Um caso

Abstract

O bem-estar organizacional tem custos para os indivíduos, para as organizações e, em última instância, para a sociedade. No que concerne ao Enfermeiro Especialista em Saúde Materna e Obstetrícia (EESMO), pode comprometer o desempenho e a qualidade dos cuidados prestados em obstetrícia, pelo que merece ser investigado. Com o objetivo de identificar quais as práticas de gestão de recursos humanos que promovem o bem-estar organizacional do EESMO recorreu-se a uma metodologia de investigação quantitativa. O questionário "Copenhagen Psychosocial Questionnaire" (COPSOQ) II - versão média portuguesa, foi aplicado a 35 EESMOS da sala de partos da MAC- ULS São José. Os resultados revelaram uma correlação estatisticamente significativa entre a saúde e bem-estar do EESMO (saúde em geral, stresse, burnout, sintomas depressivos e distúrbios de sono) e a satisfação laboral, os conflitos trabalho / família, a insegurança laboral, e as exigências laborais (cognitivas, emocionais, quantitativas, ou de ritmo de trabalho). Em resposta aos resultados obtidos, identificou-se um conjunto de práticas de gestão de recursos humanos promotoras do bem-estar organizacional. Estas práticas incluem: o investimento no EESMO (no seu treino, educação e progressão na carreira); a promoção de um trabalho envolvente (com estímulo da autonomia e flexibilidade); o dar voz ( liderança positiva, transformacional que privilegie a comunicação bidirecional); a promoção de um ambiente social e físico positivo (gestão de conflitos, combate à insegurança, violência e precariedade no trabalho); e o suporte organizacional (políticas que incidam nos ratios EESMO-cliente, padrão/ duração de turnos e práticas amigas da família).

Organizational well-being has costs for individuals, for organizations, and ultimately for society. Regarding Midwives, it can compromise the performance and quality of the obstetric care provided, and therefore deserves to be investigated. To identify which human resources management practices promote the organizational well-being of Midwives, a quantitative research methodology was used. The "Copenhagen Psychosocial Questionnaire" (COPSOQ) II - Portuguese medium version, was applied to 35 midwives in the delivery room of MAC-ULS São José. The results revealed a statistically significant correlation between midwife health and well-being (general health, stress, burnout, depressive symptoms, and sleep disorders) and job satisfaction, work/family conflicts, job insecurity, and work demands (cognitive, emotional, quantitative, or work rhythm). In response to the results obtained, it was identified a set of human resources management practices that promote organizational well-being. These practices included: investing in midwives (in their training, education and career development); the promotion of an engaging work (with the encouragement of autonomy and flexibility); giving voice (positive, transformational leadership that favors two-way communication); the promotion of a positive social and physical environment (conflict management, combating insecurity, violence and precariousness at work); and organizational support (policies that focus on midwives-client ratios, shift pattern/duration, and family-friendly practices).