Living memories of domestic slavery versus forced labour: Freedom, dependence and oppression (Ibo Island, Cabo Delgado)

Abstract

As memórias vivas da escravidão nas Ilhas Querimbas, especialmente na Ilha do Ibo, podem reservar algumas surpresas. Quando se fala de escravatura, as memórias partilhadas por alguns anciãos parecem por vezes defensivas, servindo para justificar a prática da escravatura em vez de a condenar. Isto pode ser atribuído a vários fatores. As razões que estão por trás deste ponto de vista parecem estar relacionadas com acontecimentos do passado recente, em que o trabalho forçado e a repressão política da dissidência foram extremamente cruéis, ao ponto de ensombrar os maus-tratos aos escravos. O presente artigo debruçar-se-á sobre as memórias dos trabalhadores forçados e dos descendentes de escravos domésticos, bem como sobre as políticas que preservaram os servos de serem coagidos a trabalhar como trabalhadores forçados.

Living memories of slavery in the Querimbas Islands, especially Ibo Island, are apt to reserve some surprises. When talking about slavery, some elders’ shared memories sometimes seem to be defensive, serving to justify the practice of slavery rather than decrying it. This may be ascribed to several factors. The reasons which lie behind this viewpoint seem to be related to recent past events in which forced labour and political repression of dissent were extremely cruel as to obscure the mistreatment of slaves. This paper will inquire into the memories of forced labourers and descendants of domestic slaves as well as into the policies that preserved servants from being coerced into forced labour.