Dos modelos mentais de organização e prestígio externo da profissão à retenção de enfermeiros: O papel mediador do Job Embeddedness

Abstract

Hoje em dia, as organizações de saúde deparam-se com uma enorme escassez e Turnover dos enfermeiros. Este acarreta custos tangíveis e intangíveis, afetando negativamente, não só a sustentabilidade dos serviços de saúde e os outcomes dos doentes, mas também a satisfação profissional e a qualidade dos serviços prestados. As organizações de saúde enfrentam, assim, um enorme desafio na implementação de práticas de gestão de recursos humanos que visem a retenção dos enfermeiros, pelo que se torna fundamental escrutinar os fatores determinantes associados a essa retenção. O presente estudo enquadra-se nesta temática, sendo proposto um modelo causal. Pretende-se, assim, determinar quais as relações entre os modelos mentais de organização e o Job Embeddedness (JE), bem como entre o prestígio externo da profissão e o JE. O Job Embeddedness é analisado como mediador entre estes fatores antecedentes e o bem-estar e a intenção de saída destes profissionais, procurando verificar-se também a sua relação. Para o efeito, foi aplicado um questionário online composto por questões sociodemográficas e profissionais, assim como 5 escalas já validadas, do qual resultou uma amostra de 252 participantes de diferentes organizações de saúde portuguesas. Os resultados do estudo indicam que os enfermeiros preferem modelos mentais de organização baseados em princípios de ideologia profissional (sobretudo o modelo do grupo profissional) e que a discrepância entre aquilo que a organização enfatiza e deveria enfatizar tem relação negativa com o JE. Por outro lado, um prestígio externo da profissão positivo percebido pelos enfermeiros tem uma relação positiva com o JE. Segundo os resultados obtidos nesta investigação, o JE, sendo influenciado por estes fatores, está relacionado positivamente com o bem-estar dos enfermeiros e negativamente com a sua intenção de saída das organizações de saúde. Por sua vez, concluiu-se ainda que o bem-estar dos enfermeiros, por si só, está relacionado negativamente com a sua intenção de saída.

Nowadays, healthcare organizations face a major problem of nursing staff shortage and turnover. It entails tangible and intangible costs, negatively affecting healthcare services sustainability and patient outcome, as well as professional satisfaction and service quality. Therefore, healthcare organizations face an enormous challenge in implementing human resources management practices to retain nurses, reason why it is essential to scrutinize the key factors associated with this retention. The present study fits into this theme, with a causal model being presented and proposed. The goal is to determine the relationship between organizational mental models and Job Embeddedness (JE), and between the perceived external prestige and JE. Job Embeddedness is analyzed as a mediator for these antecedent factors and the professional well-being and intention to leave, and a verifier of their relationship. To this end, an online survey composed of sociodemographic and professional questions was performed, with 5 validated scales, resulting in a sample of 252 participants from different Portuguese healthcare organizations. The results show that nurses prefer organizational mental models based on professional ideology values (mostly the professional group model) and indicate that the discrepancy between what the organization emphasizes and should emphasize has a negative relationship with JE. Nonetheless, nurses perceive a positive external prestige with a positive relationship with JE. According to the results obtained in this research, JE, being influenced by these factors, is positively related to nurses’ well-being and negatively to their intention to leave healthcare organizations. Moreover, it was concluded that nurses’ well-being is negatively related to their intention to leave.