Bairro de Alvalade: Primeiros ensaios da arquitetura paisagista em Portugal: Conceções de arborização e ajardinamento nas décadas de 1940 a 1970

Abstract

A construção do Bairro de Alvalade com base no Plano de Urbanização da Zona a Sul da Avenida Alferes Malheiro, da autoria de João Faria da Costa (1906-1971), o primeiro urbanista português, coincidiu com a afirmação do Movimento Moderno perante a “arquitetura do Estado Novo”, daí resultando relevante património urbanístico e arquitetónico, entre este, a multiplicidade tipológica conferida ao espaço urbano. Coincidente com esta etapa da arquitetura portuguesa, inicia-se em Portugal a afirmação da arquitetura paisagista segundo a doutrina de Francisco Caldeira Cabral (1908-1982), o primeiro arquiteto paisagista, de cariz ecológica, defensora dos valores culturais e da paisagem, e promotora da interdisciplinaridade enquanto campo conceptual do espaço urbano. O Bairro de Alvalade, abraçando a afirmação do Movimento Moderno e da Arquitetura Paisagista, constitui-se, a partir de 1949, como palco da ação pioneira e experimental do argumentário técnico e estético da primeira geração de arquitetos paisagistas, colocando-o, no âmbito da arquitetura paisagista, e do urbanismo em geral, como um caso de estudo, por excelência. Objetivando contribuir para o conhecimento urbanístico e para a relação interdisciplinar entre a arquitetura paisagista e a arquitetura, a investigação com base no levantamento e sequenciação dos registos dos arquivos da Câmara Municipal de Lisboa, observa e contextualiza a ação dos arquitetos paisagistas nas lógicas de arborização e de ajardinamento do Bairro de Alvalade entre as décadas de 1950 a 1970, colocando em enunciado os propósitos higienistas do Plano de Urbanização e a relação com os territórios vizinhos (Campo Grande, Av. Alferes Malheiro, Av. do Aeroporto e Bairro do Areeiro) e, em elenco, os projetos de arborização e ajardinamento em prol de uma Estrutura Verde predominantemente Autóctone.

Bairro de Alvalade’s implementation based on the Avenida Alferes Malheiro’s South Zone Urbanization Plan (authored by the first Portuguese urban planner, João Faria da Costa (1906-1971) coincided with the settlement of the Modern Movement against Estado Novo’s arquitectural style. From that junction resulted crucial urban and architectural heritage, one of which, the variety of urban space typologies. Simultaneously, landscape architecture began to assert itself in Portugal according to the doctrine of Francisco Caldeira Cabral (1908-1982), the first portuguese landscape architect. Therefore, landscape architecture began to focus more on ecology, defending cultural values and promoting interdisciplinarity as a conceptual field of urban space as so did Francisco Caldeira Cabral. Embracing Modern Movement and landscape Architecture’s developments, Bairro de Alvalade evolved from 1949 onwards, reflecting the pioneering and experimental action of the technical and aesthetic arguments of the first generation of landscape architects, hence viewing it as an excellent case study of urbanism. Aiming to contribute to the urbanistic knowledge, and the interdisciplinary relationship between landscape architecture and architecture, the research, based on the survey and sequencing of records from the archives of the Lisbon City Council, observes and contextualizes the action of landscape architects in the logics of afforestation and landscaping of Bairro de Alvalade between the 1950s and 1970s, stating the hygienist purposes of the Urbanization Plan and the relationship with the neighboring territories (Campo Grande, Av. Alferes Malheiro, Av. do Aeroporto and Bairro do Areeiro) and, in cast, the projects of afforestation and landscaping in favor of a predominantly autochthonous Green Structure.