The impact of COVID-19 on Sustainable Development Goals (SDG)1: Reducing poverty

Abstract

Poverty is a complex and multifactorial concept, and its evolution has long been debated. Progress has been made over the years to better assess and characterize poverty, optimizing indicators such as those associated with the Capacity method, the Sustainable Development Goals (SDGs) and the World Bank's proposal for the Multidimensional Poverty Index. The characterization of the pattern of poverty currently goes beyond monetary indicators and involves considering the multidimensionality of poverty, focusing on areas such as health, education and standard of living. In crisis contexts, this multidimensional approach must be particularly deepened, given the impact that a crisis situation can have at different levels on people's living conditions. This work analyses the role of the COVID-19 pandemic in the first of the SDGs, the eradication of poverty, and its main objectives are to measure poverty in Portugal as a multidimensional phenomenon and to identify the inequality profiles of poverty in Portugal in a recent context. In order to characterize poverty in all its dimensions, the guidelines of the World Bank indicators were used, as part of the construction of the Multidimensional Poverty Index. In methodological terms, a quantitative approach was chosen, based on the analysis of indicators from official secondary sources, produced, in the Portuguese case, by the National Statistics Institute (INE), as part of the operation of the National Statistical System. From the analysis carried out, it became clear that the COVID-19 pandemic has jeopardized the progress made in recent decades against poverty, as well as exacerbated disparities between groups of different characteristics. We argue that, although the overall figures seem to indicate an improvement in poverty to pre-pandemic values, certain groups are not represented by an average indicator and are more vulnerable to poverty. In Portugal, we conclude that women, the elderly and the population living in predominantly rural areas have been the most affected by the COVID-19 pandemic.

A pobreza é um conceito complexo e multifatorial, e há muito se discute a sua evolução. Ao longo dos anos foram feitos avanços no sentido de melhor avaliar e caracterizar a pobreza, otimizando indicadores como os associados ao Capacity method, aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) e a proposta do Banco Mundial para o índice de Pobreza Multidimensional. A caracterização do padrão de pobreza, atualmente, vai para além dos indicadores monetários, implicando considerar a multidimensionalidade da pobreza, com um foco em áreas como a saúde, a educação e o nível de vida. Em contextos de crise, esse olhar multidimensional deve ser particularmente aprofundado, atendendo ao impacto que uma situação de crise pode ter a diferentes níveis, nas condições de vida das populações. Este trabalho analisa o papel da Pandemia COVID-19 no primeiro dos ODS, o da erradicação da pobreza, e tem como principais objetivos medir a pobreza em Portugal como um fenómeno multidimensional e identificar os perfis de desigualdade da pobreza em Portugal num contexto temporal recente. Para caraterizar a pobreza em todas as suas dimensões foram utilizadas as diretrizes dos indicadores do Banco Mundial, no âmbito da construção do Índice de Pobreza Multidimensional. Em termos metodológicos, optou-se por uma abordagem quantitativa, a partir da análise de indicadores de fontes secundárias, de natureza oficial, produzidas, no caso português, pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), no âmbito do funcionamento do Sistema Estatístico Nacional. Pela análise realizada, tornou-se evidente que a Pandemia COVID-19 pôs em causa os progressos alcançados nas últimas décadas contra a pobreza, bem como agravou as disparidades entre grupos de diferentes características. Argumentamos que, embora os números gerais pareçam indicar uma melhoria da pobreza para valores pré-pandémicos, certos grupos não estão representados por um indicador médio e são mais vulneráveis face à pobreza. Em Portugal, concluímos que as mulheres, os idosos e a população que vive em zonas predominantemente rurais foram os mais afetados pela Pandemia de COVID-19.