Utilize este identificador para referenciar este registo: http://hdl.handle.net/10071/28749
Autoria: Sousa, J. C.
Carvalheiro, J.
Portovedo, S.
Editor: José Ricardo Carvalheiro
Data: 2015
Título próprio: O quotidiano tecnologizado: Gerindo situações entre o público e privado
Título e volume do livro: Público e privado nas comunicações móveis
Paginação: 201 - 227
Referência bibliográfica: Sousa, J. C., Carvalheiro, J., & Portovedo, S. (2015). O quotidiano tecnologizado: Gerindo situações entre o público e privado. Em J. R. Carvalheiro, Público e privado nas comunicações móveis (pp. 201-227). Minerva.
ISBN: 978-972-798-358-2
Resumo: Por norma, o que se observa é uma atividade iminentemente solitária, mas que apresenta nuances. Em grupos de dois ou três elementos raramente observámos partilha. Em grupos mais vastos, o manuseamento assume, pontualmente, a centralidade, no sentido em que torna a interação mais fluída. É relevante, pois, notar a tendência para grupos pequenos, bem como os singles, estarem associados ao uso de dispositivos móveis para comunicação via mensagens de texto ou chats, ao passo que grupos maiores se associam ao acesso as redes sociais.O uso dos dispositivos móveis surge, assim, integrado nas atividades que os withs, no interior do seu círculo, desempenham neste espaço público, podendo fazer parte das performances e das interações do grupo.O uso do smartphone em particular – também ao nível do manuseamento–, não parece, usualmente, atrapalhar os momentos de lazer, dado have rum consentimento generalizado e ser uma prática comum à maioria.Lembramos o exemplo de uma família observada: pai, mãe e dois filhos que jantavam no shopping; um dos filhos ia falando com o irmão e manejando o seu smartphone; a mãe atendeu uma chamada e passou-a ao pai. O uso de dispositivos por aquela família fazia-se com grande naturalidade, como parte da dinâmica familiar. Usarem os aparelhos não os impedia de falarem entre si, nem criava um ambiente hostil.Isso não significa que não haja casos com situações constrangedoras. Assistimos a várias situações desconfortáveis em casais, em que um dos cônjuges usava o telemóvel por largos períodos, deixando o outro carente de atenção e a deixar transparecer o seu incómodo. Noutros casos, os dois membros do casal utilizavam ininterruptamente o smartphone sem nunca se olharem ou conversarem. Aqui a estranheza pode até emergir mais facilmente em quem assiste – a audiência pública –, que pode ser levado a reparar em relacionamentos pessoais cujos membros são capazes de estar longos períodos frente a frente sem proferirem uma única palavra. Mas as pessoas observadas pareciam estar bem com a situação. Neste sentido, somos levados a alinhar com estudos como o de Lee Humphreys (2005)acerca do papel disruptor do telemóvel, no que concerne à normatividade vigente nos contextos de interação em espaços públicos.Todavia, o telemóvel também pode funcionar como um sinal com o qual se reivindica os limites da ação alheia (Goffman, 1979), constituindo assim mais um elemento defensivo face às possibilidades de interação em espaços públicos. Ou seja, pode constituir-se como um “porto de abrigo”para os singles, dando-lhes alguma proteção ao longo do seu desempenho, perante as possíveis intromissões da audiência, funcionando como garantia da privacidade em público, na sua versão de isolamento dos demais e de fechamento à sociabilidade eventual.Portanto, há diferentes formas de vivenciar o espaço público com a participação dos dispositivos móveis, o que evidencia uma certa liberdade quanto ao espaço em si, uma liberdade que permite que cada um o experiencie à sua maneira. Segundo Certeau (1990), o que realmente conta é a experiência e vivência do espaço, na medida em que é dela que emerge uma permanente invenção do quotidiano. Ir ao centro comercial na Covilhã é, para alguns residentes na cidade, uma prática quotidiana, sendo que cada um faz a sua apropriação do espaço. A nossa observação sugere, porém, uma tendência: o uso de dispositivos móveis naquele contexto interfere nas práticas de privacidade, mas não o faz a favor de um incremento da sociabilidade pública do lugar; num aparente paradoxo, parece, sim, reforçar em simultâneo a exposição do privado e o isolamento entre indivíduos e ‘células’ sociais.
Arbitragem científica: yes
Acesso: Acesso Aberto
Aparece nas coleções:CIES-CLN - Capítulos de livros nacionais

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