Literacia em cancro dos jovens universitários Portugueses

Abstract

O cancro é a segunda principal causa de morte em todo o mundo e tem tido uma incidência crescente, que tem acompanhado o envelhecimento da população. Apesar desta realidade, estima-se que quase metade dos casos de cancro poderiam ser prevenidos com a alteração de estilos de vida. A Literacia em Saúde e mais concretamente a Literacia em Cancro, pode ser a chave para fazer face a esta tendência crescente que tem sido observada. A necessidade de entender aquilo que os jovens sabem acerca do cancro levou à formulação do objetivo major deste estudo como aferir os níveis de Literacia em Cancro dos estudantes universitários portugueses. Pretendeu ainda verificar-se se o conhecimento dos inquiridos relativo à doença oncológica corresponde à perceção que os mesmos têm sobre esses mesmos conceitos relacionados com o cancro. Para efetuar este levantamento recorreu-se à ferramenta Students Knowledge and Perceptions about Cancer, que permitiu recolher a informação pretendida quer para a caracterização da amostra, quer para aferir os conhecimentos e perceções dos inquiridos, tendo sido feita, posteriormente, a análise estatística dos dados em SPSS. De uma amostra de 170 alunos universitários, observou-se que 72,4 % (123) acertam mais de metade das perguntas de resposta fechada e que o cancro do pulmão é o tópico onde existe maior desconhecimento, contrariamente ao cancro da mama, onde existe um maior número de respostas certas dadas. No geral, e em todos os tipos específicos de cancro, exceto o colorretal, parece existir uma correlação estatisticamente significativa entre os conhecimentos e a perceção que os estudantes têm acerca dos conteúdos abordados. Apesar dos níveis satisfatórios de conhecimento geral acerca do cancro, existem certos tipos de cancro onde deve ser feito um trabalho mais aprofundado, de modo a colmatar falhas no conhecimento, pondo em destaque a prevenção como chave para a diminuição da incidência da doença oncológica. Concluise que ainda existe trabalho a ser feito de modo que possamos ter uma comunidade académica mais consciente, que saiba reconhecer os comportamentos de risco, os rastreios e os tratamentos que existem para lidar com o cancro. Contudo, será necessário conduzir novos estudos com uma amostra representativa e poderá ser interessante, no futuro, analisar melhor quais os fatores ou determinantes sociais que podem limitar este conhecimento e ainda que possíveis intervenções podem ser desenvolvidas de forma a mitigar a desinformação encontrada relativamente a determinados tipos de cancro.

Cancer is the second leading cause of death worldwide and has had an increasing incidence, which has accompanied the ageing of the population. Despite this reality, it is estimated that almost half of all cancer cases could be prevented by changing lifestyles. Health Literacy, and more specifically, Cancer Literacy, may be the key to address this growing trend that has been observed. The need to understand what young people know about cancer led to the main objective of this study to assess the levels of Cancer Literacy among Portuguese university students. It also aimed to verify whether the respondents' knowledge on cancer-related diseases corresponds to their perception of these same cancer-related concepts. The tool Students Knowledge and Perceptions about Cancer was used to carry out this survey, which allowed collecting the desired information for both the sample characterization and the respondents' knowledge and perceptions, which were then analysed using SPSS. From a sample of 170 university students, we found that 72.4% (123) got more than half of the closed-ended questions right. That lung cancer is the topic where there is a higher lack of knowledge, contrary to breast cancer, where a higher number of correct answers were given. Overall, and in all specific types of cancer, except colorectal cancer, there seems to be a statistically significant correlation between students' knowledge and perception of the contents addressed. Despite the satisfactory levels of general knowledge about cancer, there are certain types of cancer where more sophisticated work should be done to bridge knowledge gaps, emphasizing prevention as a key to reduce the incidence of cancer. It is concluded that there is still work to be done to have a more aware academic community that knows how to recognise risk behaviours, screenings and treatments that exist to deal with cancer. However, it will be necessary to conduct new studies with a representative sample, and it may be interesting, in the future, to better analyse which factors or social determinants may limit this knowledge and which possible interventions can be developed to mitigate the misinformation found regarding certain types of cancer.