O impacto do teletrabalho na administração pública. Que desafios à sua implementação?: O caso de uma instituição pública

Abstract

O ano de 2020 marcou a forma como encaramos o trabalho e como nos relacionamos uns com os outros. A imposição do teletrabalho como modelo alternativo de trabalho, como forma de mitigar a disseminação da pandemia causada pelo vírus SARS-COV-2 foi decisivo nesta mudança. Apesar da situação pandémica ter contribuído como catalisador para a introdução do teletrabalho na Administração Pública, parecem existir resistências quer por parte dos trabalhadores quer por parte dos dirigentes para a sua implementação no futuro. Com base nesta premissa, realizou-se este estudo que permitiu identificar quais os fatores que condicionam a implementação do teletrabalho como modelo alternativo de trabalho na Administração Pública. A pesquisa é de natureza exploratória e descritiva, e centra-se na perspetiva do trabalhador. A metodologia é quantitativa e o questionário foi o instrumento utilizado para a recolha de dados a uma amostra de sessenta e cinco trabalhadores de uma instituição pública. Os resultados revelaram que a opção pelo teletrabalho é fortemente condicionada pela personalidade dos trabalhadores, pelas características pessoais, e pela inexistência de uma cultura e atitude orientada para o teletrabalho, em particular pelas barreiras existentes relacionadas com a gestão da confiança. A sua legitimação no futuro irá depender da superação das barreiras relacionadas com a cultura organizacional marcadamente burocrática e de caráter conservador, que ainda perdura em algumas instituições públicas, e que alimenta a resistência a este modelo flexível de trabalho.

The year 2020 marked the way we look at work and how we relate to each other. The imposition of telework as an alternative working model, as a way to mitigate the spread of the pandemic caused by the SARS-COV-2 virus was decisive in this change. Although the pandemic situation has contributed as a catalyst for the introduction of telework in Public Administration, there seems to be resistance from both workers and managers to its implementation in the future. Based on this premise, this study was carried out to identify the factors that condition the implementation of telework as an alternative model of work in Public Administration. The research is of exploratory and descriptive nature, and focuses on the worker's perspective. The methodology is quantitative and the questionnaire was the instrument used to collect data from a sample of sixty-five workers from a public institution. The results revealed that the option for teleworking is strongly conditioned by the personality of the workers, by personal characteristics, and by the inexistence of a culture and attitude oriented to teleworking, in particular by the existing barriers related to the management of trust. Its legitimization in the future will depend on overcoming the barriers related to the markedly bureaucratic organizational culture and conservative character, which still persists in some public institutions, and which feeds the resistance to this flexible model of work.