Apego ao lugar, risco, emoções e estratégias de coping no contexto das alterações climáticas

Abstract

As alterações climáticas representam grandes ameaça às regiões costeiras. Em Portugal, Aveiro está sinalizada como uma zona vulneráveis, devido à exposição de zonas urbanizadas aos perigos da subida das águas. As perspectivas de tais ameaças futuras podem desencadear um conjunto de cognições e emoções. Suportado na literatura existente este estudo examinou se tipos de apego ao lugar distintos estão associados a diferentes tipos de estratégias de coping usadas pelos residentes de Aveiro para lidar com o risco de subida do nível das águas, e se esta relação é mediada pela perceção de risco e pela eco-ansiedade. A relação entre os níveis de confiança nas entidades e as estratégias de coping adotadas, também foi analisada. A amostra incluiu 197 residentes de Aveiro maiores de 18 anos a quem foi solicitado o preenchimento de um questionário online. Os dados mostram que o apego ao lugar ativo está relacionado com maior perceção de risco, maior eco-ansiedade e adoção de estratégias de coping ativas (e.g. resolução de problemas). Baixos níveis de eco-ansiedade tiveram um efeito positivo nas estratégias de coping ativas e superior à perceção de risco. Menores níveis de confiança nas entidades responsáveis estão associados a adoção de estratégias de coping ativas. No geral, os resultados suportam o modelo de mediação sequencial para o coping ativo. Reforçando a importância que fatores cognitivos como a perceção de risco e emocionais como tipos distintos de apego ao lugar e uma eco-ansiedade prática pode tem na forma como lidam com as ameaças.

Climate change poses a major threat to coastal regions. In Portugal, Aveiro is one of the most vulnerable areas, due to the exposure of urbanized areas to the dangers of rising waters. The prospect of such future threats can trigger a range of cognitions and emotions. This study examined whether different types of place attachment are associated with different types of coping strategies used by residents to deal with the risk of rising water levels, and whether this relationship is mediated by risk perception and eco-anxiety. The relationship between levels of trust in entities and the adopted coping strategies was also examined. The sample included 197 residents of Aveiro over 18 years of age who were asked to complete an online questionnaire. Data show that active place attachment is related to greater risk perception, greater eco-anxiety and adoption of active coping strategies (e.g. problem solving). Low levels of eco-anxiety were observed, with a positive effect on active coping strategies, having more effect than risk perception. Lower levels of trust in responsible entities were associated with the adoption of active coping strategies. Overall, the results support the sequential mediation model for active coping. Reinforcing the importance that cognitive factors such as risk perception and emotional factors such as different types of attachment to the place and practical eco-anxiety can have on the way they deal with threats.