Auto-percepção do contributo para a tomada de decisão grupal

Abstract

Neste estudo pretendíamos aferir se a hipervalorização do desempenho individual relatada na literatura da área da Comparação Social se verifica ao nível da auto-percepção do contributo individual para a tomada de decisão grupal e se a mesma é ateneuada pela inserção do indivíduo num grupo virtual comparativamente aos elementos de grupos face-a-face. Além disso, propomo-nos verificar se a exactidão da auto-percepção é influenciada pelos níveis de clarificação acerca do papel e de necessidade de cognição do indivíduo. Conduzimos um estudo quasi-experimental, com 60 participantes distribuídos por 20 grupos: 10 virtuais e 10 face-a-face. Os participantes executaram uma tarefa aditiva que consistia em decidir qual o slogan que melhor promovia o produto descrito pelo experimentador. Os resultados indicam que a sobrevalorização do contributo individual para a tomada de decisão em grupo persiste mesmo no meio de interacção virtual onde se disponibiliza mais informação objectiva em comparação com o meio face-a-face, no qual prevalece a informação de carácter subjectivo. Este resultado sugere que a auto-percepção do contributo em tarefas grupais tende a ser positivamente distorcida independentemente da quantidade de informação objectiva disponibilizada porque aparentemente o objectivo da comparação social subjacente é o auto-enaltecimento comparativamente ao alvo de comparação. Os níveis de necessidade de cognição e de clarificação acerca do papel também não afectaram a exactidão da percepção do contributo, talvez porque a informação que os indivíduos se empenharam em obter foi mais no sentido de preservar o seu nível de auto-estima do que em obter uma percepção realista acerca do seu contributo.

In this study we intended to verify if the overvaluation of individual performance reported in the social comparison’s literature occurs at the level of self-perception of individual contribution to group decision-making and whether it is attenuated by virtual group members compared to members of face-to-face groups. In addition, we verified if the accuracy of selfperception was influenced by the individual level of need for clarity and need for cognition. We conducted a quasi-experimental study with 60 participants distributed by 20 groups: 10 virtual groups and 10 face-to-face groups. The participants had to execute an additive task in wich they should pick a slogan to promote the product described. The results suggested that the overvaluation of the individual contribution to group decision-making persists even in virtual context which provides more objective information compared to face-to-face context, in which prevails the subjective information. This result suggests that self-perception of contribution to group tasks tend to be positively skewed regardless of the amount of objective information available because apparently the goal of underlying social comparison is the selfenhancement compared to the target of comparison. The level of need for cognition and need for clarity did not affect the accuracy of perceived contribution, perhaps because the information that individuals have attempted to obtain was more to preserve its level of selfesteem than to obtain a realistic perception about their contribution.