Empoderamento político das mulheres em perspetiva comparada: uma revisão crítica dos índices de género

Abstract

Este artigo oferece uma revisão crítica dos índices de género existentes e discute a sua adequabilidade para comparar o empoderamento político das mulheres à escala global, à luz dos debates metodológicos recentes na literatura sobre género e política. Apesar da expansão e diversificação deste campo de estudo, em paralelo com a incorporação da igualdade de género na agenda política internacional, as abordagens quantitativas para a análise do empoderamento político das mulheres mantiveram um escopo limitado. Os índices de género das organizações internacionais medem somente a representação parlamentar das mulheres, revelando-se inadequados para compreender a diversidade de experiências de empoderamento político das mulheres. Em alternativa, proponho o uso do Índice do Empoderamento Político das Mulheres (WPEI) do V-Dem, composto por três dimensões: liberdades civis, participação na sociedade civil e participação política. Para demonstrar a sua aplicabilidade, recorro a dados empíricos de países do Médio Oriente e Norte de África.

This article provides a critical review of existing gender indices and discusses its appropriateness to compare women’s political empowerment across the globe, in light of recent methodological debates on gender and politics. Despite the expansion and diversification of this subfield, in parallel with the incorporation of gender equality on the international agenda, quantitative approaches to the analysis of women’s political empowerment maintained a limited scope. Gender indices from international organisations only measure female parliamentary representation, proving inadequate to grasp the diverse experiences of women’s political empowerment. Alternatively, I suggest the use of the V-Dem Women’s Political Empowerment Index (WPEI), which is composed of three dimensions: civil liberties, participation in civil society and political participation. To demonstrate its applicability, I draw on empirical data from Middle Eastern and North African countries.