Viver sem segredos: a privacidade dos dados pessoais na era dos smartphones

Abstract

Atualmente, verifica-se que os Smartphones têm enfrentado um grande crescimento a nível mundial na vida das pessoas. As inúmeras vantagens destes dispositivos para os seus utilizadores têm sido cada vez mais evidentes. Estes aparelhos vivem da partilha de informação: os utilizadores não só recebem a informação pretendida, como também a podem partilhar. No entanto, em muitas instâncias, o utilizador acaba por compartilhar dados privados sem se aperceber, sem ter conhecimento, e muitas vezes sem o seu consentimento - dados estes que são recolhidos pelas empresas de telecomunicações e, pior ainda, vendidos a terceiros. Assim, esta partilha de dados descontrolada através do Smartphone pode implicar riscos e até mesmo ameaçar o direito de privacidade dos seus utilizadores, incluindo também aqueles com quem se troca dados através do Smartphone. Este estudo propõe-se a compreender até que ponto os estudantes universitários sabem que a sua privacidade está a ser posta em causa através da utilização de Smartphones. O objetivo central do estudo é perceber se, por um lado, este grupo de utilizadores se preocupa com a sua privacidade digital enquanto usa Smartphones ou se, por outro lado, lhes é indiferente o facto de terceiros conseguirem ter acesso aos seus dados privados sem o seu consentimento. Foram utilizadas duas técnicas para a recolha de dados: a) a entrevista com a observação dos alunos, b) o inquérito. Produziu-se um guião para as entrevistas com o objetivo de registar e observar comportamentos com o Smartphone. Por fim, elaborou-se um questionário com o intuito de recolher dados sobre a atividade, interação e opinião na utilização do telemóvel. A construção de ambas as ferramentas para a recolha de dados foram elaboradas com recurso ao modelo TUM, para que fosse possível, com uma adaptação deste modelo, medir a aceitação da tecnologia dos Smartphones juntamente com os riscos de privacidade de dados privados. Com os resultados obtidos, concluiu-se que os estudantes que participaram neste estudo, de um modo geral, não estão dispostos a abdicar da utilidade que o Smartphone lhes dá, mesmo que tal signifique que terceiros tenham acesso aos seus dados privados registados pelos aparelhos. Por outras palavras, pode-se dizer que estão dispostos a ter uma vida transparente perante as organizações que lhes disponibilizam os serviços através do Smartphone e perante terceiros que acedem a esses mesmos dados privados.

Smartphones have shown tremendous worldwide growth in the lives of people around the world. The numerous advantages of these devices for their users have been increasingly evident. These devices live by sharing information, where users not only receive the desired information, but can also share information. However, in many instances, the user shares private data without realizing it, without being aware of it and even without their consent, data that is collected by the telecommunications companies and even worse sold to unknown third parties. This uncontrolled data sharing through the Smartphone can mean risks and even threaten the privacy right to its users, including also the users with whom data is exchanged via the Smartphone. This study aims to understand the extent to which university students know that their privacy is being called into question through the use of smartphones. A central objective of the study is to understand whether this group of users is concerned with their digital privacy while using Smartphones or whether, on the other hand, they are indifferent to the fact that third parties gain access to their private data without their consent. Two techniques were used for data collection: a) the interview with the students' observation, b) the survey. A guide was developed for the interviews in order to record and observe behaviors with the Smartphone. The prepared questionnaire was used to collect data on the activity, interaction and opinion in their respective use of the Smartphone. The construction of both tools for data collection were elaborated using the TUM model, so that it was possible, with an adaptation of this model, to measure the acceptance of Smartphones technology together with the privacy risks of private data. With the results obtained, it was concluded that the students in this study are in no way willing to give up the utility that the Smartphone gives them, even if it means that third parties have access to their private data registered by the Smartphones. In other words, it can be said that they are willing to have a transparent life before the organizations that make services available to them through their Smartphone and third parties that access these same private data.