Representações sociais das/os enfermeiras/os sobre orientação sexual e identidade de género

Abstract

Neste estudo procurou-se averiguar as atitudes, conhecimento, formação e competência das/os enfermeiras/os face à diversidade sexual e de género. Este tema é relevante na medida em que se trata de um grupo profissional que, no âmbito do desenvolvimento da sua atividade, se cruza com pessoas lésbicas, gays, bissexuais e trans (LGBT). Para tal, aplicou-se um inquérito por questionário a um conjunto de enfermeiras/os (N = 899) sobre as suas atitudes, conhecimentos, formação e competências face a pessoas LGBT e foi, complementarmente, realizada uma análise de conteúdo aos planos curriculares dos cursos de enfermagem em Portugal. Os resultados revelam atitudes mais negativas destas/es profissionais de saúde face a pessoas trans e bissexuais do que a pessoas lésbicas e gays. As/os enfermeiras/os que tiveram mais contacto, a nível pessoal e profissional, com pessoas LGBT, mais jovens, menos conservadoras/es a nível político e menos religiosas/os apresentaram atitudes mais favoráveis e reportaram maior competência na prestação de cuidados a estas pessoas. Os resultados mostram ainda que a maior parte dos inquiridos considera não ter tido formação adequada sobre as temáticas da orientação sexual e identidade de género, o que é corroborado pela sua ausência nos programas curriculares de enfermagem. Dos resultados do estudo retira-se a necessidade de garantir uma prestação de cuidados informada, com competências específicas para a diversidade sexual e de género, para o que muito contribuiria a abordagem desta temática no âmbito dos curricula das licenciaturas de enfermagem.

This study sought to ascertain the attitudes, knowledge, training and competence of nurses concerning sexual and gender diversity. This topic is relevant because nurses have professional contact with lesbian, gay, bisexual and trans (LGBT) people. To this end, a questionnaire was applied to a group of nurses (N = 899) about their attitudes, knowledge, training and skills towards LGBT people and, besides, a content analysis was carried out on the curricular plans of nursing courses in Portugal. The results reveal more negative attitudes of these health professionals towards trans and bisexual people than towards lesbian and gay people. The nurses who had more personal and professional contact with LGBT people, who were younger, less conservative at the political level and less religious, showed more favourable attitudes and reported greater competence in providing care to these people. The results also show that the majority of respondents consider that they did not have adequate training on the themes of sexual orientation and gender identity, which is corroborated by their absence in nursing curricular programs. The results of the study validate the need to provide science-based caregiving, with specific skills for sexual and gender diversity and to include this topic in the curricula of nursing degrees.