Associação entre consumo excessivo de açúcar e problemas de saúde: Perceções de peritos versus não-peritos

Abstract

Contrariamente às recomendações da OMS, cerca de um em cada quatro adultos portugueses ingere diariamente uma quantidade de açúcares livres superior a 10% do consumo total de energia. Tal consumo tem vindo a ser associado às mais prevalentes causas de morte e incapacidade a nível mundial, assim como a maior risco de doenças não transmissíveis, excesso de peso, obesidade e cáries. Dado que os profissionais de saúde e nutrição desempenham um papel fundamental no desenvolvimento de políticas e intervenções ao nível dos comportamentos alimentares saudáveis, além de serem figuras fundamentais na prestação de cuidados de saúde primários, torna-se relevante examinar as suas perceções acerca do consumo de açúcar. Para tal aplicámos um questionário online a uma amostra de mulheres portuguesas (n = 457, MIdade = 37.33, DP = 11.57) com profissões relacionadas com saúde e nutrição (18.60%) ou não relacionadas com estas áreas (81.40%). Para além de acedermos ao seu nível de literacia nutricional, também medimos um conjunto de variáveis relacionadas com o consumo de açúcar e suas consequências. Os resultados de duas tarefas demonstram que os problemas de saúde mais frequentemente associados ao consumo excessivo de açúcar são diabetes, excesso de peso/ obesidade e problemas cardiovasculares e de saúde dentária. Em geral, o padrão de associações é independente da área profissional das participantes. As peritas versus não-peritas obtiveram resultados mais elevados em termos de literacia nutricional, importância atribuída à redução do consumo de açúcar, facilidade na identificação e compreensão de açúcares livres e consciência de ingestão de açúcares.

Contrary to the World Health Organization (WHO) recommendations, about one in four portuguese adults consum a daily amount of free sugars superior to 10% of total energy intake. Such consumption has been associated with the most prevalent causes of death and disability worldwide as well as an higher risk of noncommunicable diseases, overweight, obesity and dental caries. Since health and nutrition professionals play a key role in politics development and interventions on healthy eating behaviors, besides of being key figures in the provision of primary health care, becomes relevant to examine their perceptions about sugar consumption. For this, we applied an online questionnaire to a sample of portuguese women (n = 457, Mage = 37.33, DP = 11.57) with health and nutrition related professions (18.60%) or not related to these areas (81.40%). In addition of access their level of nutritional literacy, we also measure a set of variables related with sugar consumption and its consequences. The results of two tasks show that health problems most often associated with excessive sugar consumption are diabetes, overweight and obesity, cardiovascular and dental health problems. In general, the pattern of associations is independent of participants’ professional area. Experts versus non-experts obtained higher results in terms of nutritional literacy, importance attached to reduce sugar consumption, easy identification and understanding of free sugars and sugar ingestion consciousness.