A economia do conhecimento como catalisador da sustentabilidade na cultura – o caso da trienal de arquitectura de Lisboa

Abstract

Os desafios colocados pela crise que flagela todos os setores da economia portuguesa forçam o surgimento de novos modelos de gestão na cultura e a adoção de estratégias orientadas para a subsistência por parte de instituições para as quais, até há bem pouco tempo, o problema da sustentabilidade era uma questão distante. É neste panorama que se destacam as instituições culturais de missão e objetivos de utilidade pública, que respondem ao decréscimo do financiamento estatal com a consolidação de uma estratégia de criação de valor, através da intervenção junto dos públicos-alvo, que, simultaneamente, justifica e apela aos financiamentos privados. Estas instituições seguem, nas suas especificidades, modelos da emergente economia do conhecimento, caracterizada principalmente pelo forte input intelectual, o qual contribui para a rápida evolução do mercado, nomeadamente, devido à sucessiva obsolescência dos produtos. É disto exemplo, no contexto nacional, a associação Trienal de Arquitectura de Lisboa, que promove a inovação na disciplina, junto de profissionais e especialistas, a par da sensibilização de públicos indiferenciados. Não possuindo um espólio, todo o conteúdo que integra a programação efémera e profundamente atual dos seus eventos deriva então do trabalho de uma exímia equipa de criativos e produtores, num esforço concertado para gerar massa crítica. Analiso aqui a sua estrutura, e a forma como as estratégias de comunicação adotadas, passando pelo apelo à participação direta e com recurso aos novos media, contribuem para reforçar a afirmação de valor e subsequente captação de patrocínios, o que pode constituir garantia da sua viabilidade económica e social.

The challenges imposed by the economic crisis affecting every sector of the Portuguese public economy led to the use of new management models in the arts for institutions that were never designed to self-subsidize or base their strategies on sustainability. This is the background from which cultural institutions with public mission and goals stand out, responding to the decrease in government funding by strengthening their value creation and public intervention strategy, both justifying and appealing to private funding. These institutions, in their particularities, follow management models that derive from the emerging knowledge economy, primarily characterized by a strong intellectual input and contribution towards a quick evolution and obsolescence of its end products. The Trienal de Arquitectura de Lisboa is a great example of this, promoting innovation in the architectonic discipline whilst encouraging participation with the general public. Without a permanent estate, all of the content integrating their ephemeral and extremely current events and programmes derives from the work of an excellent team of creatives and producers, in a concerted effort to generate critical mass. This is an analysis of its structure and of how its use of innovative communication strategies, appealing to direct participation and recurring to new media, contribute to its affirmation of value and subsequent fundraising, by warranting its social and economic viability.