Lesões musculoesqueléticas, presentismo e bem-estar subjetivo em contexto de trabalho

Abstract

As lesões musculoesqueléticas relacionadas com o trabalho têm vindo a ser um dos riscos profissionais alvo de preocupação devido às suas inúmeras consequências físicas e psicológicas. Este estudo teve como principais objetivos descrever as lesões musculoesqueléticas decorrentes do trabalho em atividades administrativas e não administrativas e interligar a experiência das lesões musculoesqueléticas com o presentismo e o bem-estar subjetivo, para responder à questão de investigação: As lesões musculoesqueléticas relacionam-se com o presentismo e com o bem-estar subjetivo em atividades administrativas e não administrativas? No total, 168 participantes entre os 18 e os 66 anos de idade responderam a um questionário online que incluiu dados sociodemográficos e medidas validadas anteriormente na literatura. Nos resultados destaca-se a região lombar pela sua prevalência de sintomas nos últimos 12 meses a par com o pescoço e nos últimos 7 dias e é uma das regiões que mais impediu os participantes de realizar as suas atividades, ao lado do pescoço e dos ombros. Verificou-se a inexistência de relação entre o ramo de trabalho e as lesões musculoesqueléticas. Os participantes com lesão nos cotovelos e nos tornozelo e pés apresentaram mais afeto negativo. A distração evitada correlaciona-se somente com o afeto negativo, mas o trabalho completado aparenta relacionar-se com ambos os afetos. O número de lesões musculoesqueléticas tem influência nas perdas de produtividade associadas ao presentismo mas não na afetividade. Estes resultados permitem responder afirmativamente à questão de investigação e reforçam a importância de apostar na prevenção em matéria de segurança e saúde no trabalho.

Work-related musculoskeletal injuries have become one of the professional risks of concern due to their numerous physical and psychological consequences. The main objectives of this study were to describe musculoskeletal injuries resulting from work in administrative and non- administrative activities and to link the experience of musculoskeletal injuries with presenteeism and subjective well-being, to answer the research question: Are musculoskeletal injuries related to presenteeism and subjective well-being in administrative and non- administrative activities? In total, 168 participants between 18 and 66 years of age answered an online questionnaire that included sociodemographic data and previously validated measures in the literature. In the results, the lumbar region stands out for its prevalence of symptoms in the last 12 months along with the neck and in the last 7 days and it is one of the regions that most prevented the participants from carrying out their activities, alongside the neck and shoulders. There was no relationship between the type of work and musculoskeletal injuries. Participants with injuries to the elbows and ankles and feet showed more negative affect. Avoided distraction correlates only with negative affect, but completed work appears to correlate with both affects. The number of musculoskeletal injuries has an influence on productivity losses associated with presenteeism but not on affectivity. These results allow an affirmative answer to the research question and reinforce the importance of investing in prevention in terms of safety and health at work.