Factores determinantes da procura de serviços de saúde oral: uma aplicação a Portugal

Abstract

A análise empírica relativa aos factores determinantes da procura de serviços de saúde oral encontra-se, por enquanto, muito escassamente desenvolvida no que ao caso português concerne. O presente estudo posiciona-se como uma tentativa de contribuir para a superação dessa lacuna. Com essa finalidade, foi considerada para análise uma amostra de 1215 utentes de 22 clínicas e consultórios privados distribuídos por 9 distritos nacionais. Foram seleccionadas como potenciais variáveis explicativas da procura, a idade, rendimento, plano de saúde, género, importância, medo, escolaridade, necessidade e satisfação do utente quanto aos serviços prestados. Através da análise econométrica efectuada, foram construídos três modelos Probit (com e sem a Satisfação), num total de quinze estimações, em que se fez a desagregação por tipo de consultas (diagnóstico, prevenção, curativos e especialidade). As principais conclusões indicam que o rendimento e a cobertura por um subsistema de saúde (público ou privado) ou seguro de saúde voluntário são os principais factores determinantes da procura dos serviços de saúde oral. Quanto maior o rendimento per capita do utente ou o grau de comparticipação do seu plano de saúde, maior será a tendência para consumir cuidados (acima da média). Estes resultados são válidos não só para a procura de um modo geral mas também para qualquer uma das quatro áreas analisadas (diagnóstico, prevenção, curativos e especialidade). Definidas as equações gerais da procura de serviços de saúde oral (modelos econométricos), apresentam-se propostas concretas para estudos futuros e melhoria das condições actuais de oferta e acessibilidade à população mais deficitária em cuidados.

The empirical analysis on the determinants of demand for oral health services is, at the moment, very poorly developed in the Portuguese economic field. This study is an attempt to help overcome this gap. For this purpose, a sample of 1215 patients, 22 private dental clinics and offices spread over 9 national districts, was considered for analysis. The potential variables responsible for demand we selected are: age, income, health plan, gender, importance, fear, education, and satisfaction of user about services provided. From the econometric analysis, three Probit models (with and without Satisfaction) were developed, totalizing fifteen estimations, separated by type of consultation (diagnosis, prevention, healing and specialty). The main findings indicate that income and coverage by a health care subsystem (public or private) or voluntary health insurance are the main factors driving the demand for oral health services. The higher the income or the expenses coverage (of the user) by their health plan, the greater the tendency to consume health care. These results are valid not only for demand in general but also for any of the four areas analyzed (diagnosis, prevention, healing and specialty). After having defined the general equations explaining the demand for oral health services (econometric models), specific proposals are presented not only for future studies, but also to promote the improvement in supply and accessibility for underserved population.