A fronteira da intimidade: identidade europeia e relações íntimas intraeuropeias

Abstract

Privilegiando a avaliação da integração europeia a partir da vida quotidiana dos seus cidadãos, e, particularmente, as uniões matrimoniais como um indicador de integração, esta pesquisa avalia a dialética entre a identidade europeia e o envolvimento numa relação íntima binacional intraeuropeia, investigando paralelamente as dimensões da vida conjugal, e das relações familiares, que se associam a um sentimento de pertença europeu. O plano de análise funda na teoria transacional de Karl Deutsch, segundo a qual, o aumento de interações transnacionais contribui para consubstanciar valores comuns, repercutindo se num sentimento de pertença coletivo. Através da perspetiva de percurso de vida, entrevistaram se 36 indivíduos, com escolaridade superior, e envolvidos numa relação íntima binacional intraeuropeia. O plano de análise enquadra os perfis dos entrevistados na estrutura do espaço de identidade europeia, e apoia se no conceito de capital nas suas várias formas. As conclusões demonstram a especificidade destes indivíduos, e casais, pois realizaram interações transnacionais significativas, e revelaram uma capacidade reflexiva ancorada, também, no seu capital cultural incorporado. As ligações intergeracionais, nos dois sentidos, serão fundamentais para a preferência da Europa como espaço de vida, e as redes de sociabilidade transnacionais dos cônjuges poderão influenciar o sentimento de pertença europeu. A intimidade binacional intraeuropeia, tanto pode orientar o indivíduo para uma ligação à Europa ou ao país do parceiro(a). No final, propôs se uma tipologia destes indivíduos considerando seis dimensões: a autocategorização, as representações sobre a Europa, as interações transnacionais, a orientação do efeito da relação íntima binacional intraeuropeia, a nacionalidade e o país de residência.

This research aims at evaluating European integration through the daily lives of its citizens. The goals are to assess the association between the engagement in an intra European intimate bi national relationship and the European identity and to find which dimensions of conjugal life, as well as family relationships, are associated with a sense of a European collective belonging. The analysis focus on the transactional theory of Karl Deutsch. Thus, the increase in transnational interactions promotes the embodiment of common values, which will be reflected in a sense of collective belonging. Through the life course perspective, 36 individuals, with higher education and engaged in an intra European bi national intimate relationship, were interviewed. The analysis links the profile of the respondents to the structural space of European identity, and bears on the concept of capital in its several forms. The findings validate the particularity of these individuals, and couples, as they’ve experienced significant transnational interactions, and exhibit a reflexive capacity linked to theirs’ embodied cultural capital. Both directions of intergenerational relationships are major criteria to consider Europe as a preferred living space, and the spouses’ transnational social networks may contribute to a sense of belonging. The bi national intimacy, or living abroad, can lead the individual to a connection to Europe or to the partners’ country. As a result, a typology of these individuals is proposed, bearing in mind six dimensions: self categorization, representations of Europe, transnational interactions course, the direction of the effect of the intra-European intimate relationship, nationality and country of residence