As disposições dos adultos com baixos níveis de escolaridade face à aprendizagem ao longo da vida: o caso dos adultos que não retomaram processos de educação formal

Abstract

O presente trabalho pretende produzir novos contributos sobre a relação dos adultos pouco escolarizados com a aprendizagem ao longo da vida. O seu foco recaí na análise de dimensões que se complementam e que compreendem, numa primeira instância, a identificação dos motivos de ruptura com a educação formal, precedida dos obstáculos que foram marcando presença nos percursos de vida dos adultos, mantendo-os afastados das ofertas subjacentes à educação e formação que lhes são destinadas, tentando por fim analisar as suas disposições atinentes à educação e à aprendizagem ao longo da vida. Um dos conceitos nucleares neste trabalho é aprendizagem ao longo da vida, que de acordo com as múltiplas definições que têm acompanhado a sua presença nas narrativas nacionais e europeias, e dos estudos que têm tentado medir a sua presença nas ditas sociedades aprendentes, traduz três tipos distintos de aprendizagem (formal, não formal e informal). Relacionado com a Aprendizagem ao longo da vida, surge-nos o conceito de Literacia, como competência que se apresenta cada vez mais determinante na forma como os diversos países se movimentam neste tipo de sociedades aprendentes, trazendo associado a si os níveis de escolaridade da população. Contudo, atendendo à complexidade inerente a todos estes processos que vão revelando novas formas de exclusão e de desigualdades sociais, torna-se necessário articular referencias teóricas múltiplas, em torno da aprendizagem ao longo da vida, da informação, do conhecimento e da literacia, para tornar possível compreender a amplitude de fenómenos que lhes surgem associados e interligados. A estratégia metodológica definida privilegia a análise qualitativa, apoiada em entrevistas semi-diretivas/em profundidade (apesar de manter algumas referencias quantitativas que servem de referencia comparativa), centrada em adultos pouco qualificados que não retomaram a educação formal, analisando as disposições de quem “fica de fora”.

This work seeks to produce new contributions about poorly qualified adult’s relations with Lifelong Learning. It will be focus in the analysis of complementary dimensions that aim for the identification of the breakout motives with formal education, precede by the obstacles that have been present at adults life courses, keeping them away from the adult education and formative offers, trying, at last, to achieve the mind of adult’s for education and lifelong learning analysis. One of the core concepts behind this work is Lifelong learning, which according with national and international speeches, and with some studies that tried to measure his present in the “learning society”, appears referring to three forms of education (formal, non-formal and informal). Related with Lifelong learning, emerge the literacy concept, as a determinant competence in the way that different countries move in learning societies, bringing the level of population education with it. However, this is a full of complexity process, that brings new forms of exclusion and social inequalities, so it’s necessary an articulation of multiples theoretical references about Lifelong learning, information, knowledge, and literacy, to understand the amplitude of the linked and interlinked phenomena. The chosen methodological strategy privilege a qualitative analysis supported in semistructured interviews, (although it has been kept some quantitative references that helped to compare results in different scales), with focus on the poorly qualified adult’s that didn´t return to formal education, analysis the mind/dispositions of the “one’s that are being left behind.”