O artista sol: ser absoluto na façanha, o coletivo na produção artística contemporânea

Abstract

Atendendo ao “regime de singularidade” da condição de artista, os coletivos artísticos possibilitam a construção de identidades artísticas e são uma porta de entrada para o sistema de funcionamento da arte contemporânea. São também recentes modelos de gestão resultantes de uma atitude mista: uma pura necessidade de supervivência mais particular em contraponto à salvaguarda da criatividade de modo mais universal. Tal dialética parece ser a solução encontrada por muitos artistas contemporâneos, no claro contexto de uma “nova economia”. Mas em concreto, o que são e que tipo de razões existem na génese dos artist-run spaces? Perante esta problemática, a resposta baseou-se na seleção de três espaços de trabalho geridos por artistas na cidade de Lisboa: o Atelier Concorde; o ME108; e o Adamastor Studios. A metodologia aplicada foi de cariz qualitativo, na vertente de estudo de caso por observação direta e não participante, e a análise qualitativa de documentos e a realização de entrevistas. Em pormenor, a dissertação compreende dois momentos distintos mas interligados. Em primeiro lugar, foi realizado um enquadramento do estatuto e situação do artista contemporâneo atento aos processos de transformação social e cultural responsáveis pelo surgimento de novos predicados da subjetividade artística - condição antecessora de qualquer coletividade artística. De seguida, procedeuse a um exame comparativo dos dados recolhidos entre os três objetos de estudo, ajustado a três categorias/dimensões: duas razões (aglomeração desconexa e aglomeração conexa); e ainda, uma terceira dimensão, subordinada ao tipo de cultura organizacional, modelo organizacional e perfil de liderança.

Given the "singularity regime" about the artist condition, the collective artistic production enable construction of artistic identity and are a gateway to the operating system of contemporary art. They are also recent management models resulting from a mixed attitude: a pure need for more specific survival as opposed to safeguarding the most universal way of creativity. Such dialectics seems to be the solution found by many contemporary artists in the clear context of a "new economy". But specifically, what they are and what kind of reasons are at the root of artist-run spaces? Faced with this problem, the answer was based on the selection of three workspaces managed by artists in Lisbon: the Atelier Concorde; the ME108; and the Adamastor Studios. The methodology used was of qualitative nature, the case study strand by direct and non-participant observation and qualitative analysis of documents and conducting interviews. In detail, the dissertation comprises two distinct but interrelated moments. First, there was a framework of the status and situation of the contemporary artist attentive to the social and cultural transformation processes responsible for the emergence of new predicates of artistic subjectivity - predecessor condition of any artistic community. Then it proceeded to a comparative analysis of data collected between the three objects of study, adjusted to three categories: two reasons (disjointed agglomeration and related agglomeration); and also a third dimension, under the type of organizational culture, organizational model and leadership profile.